Para 69%, preços de alimentos subiram

Leia em 3min 20s

Percepção de consumidores ouvidos pelo Datafolha é de alta também em material de limpeza e higiene pessoal

Especialistas de varejo dizem que desoneração de alimentos em fase de alta de inflação confunde consumidores


Sete em cada dez consumidores perceberam aumento nos preços de alimentos, presentes ou não na cesta básica, segundo pesquisa feita pelo Datafolha com 2.653 entrevistados em 166 cidades.

À pergunta "Você dira que, nas últimas duas semanas, notou aumento, diminuição ou não notou mudanças nos preços dos alimentos", 69% dos consumidores responderam "aumento".

Outros 22% disseram não ter notado nem aumento nem redução, e 5% viram baixa. A pesquisa foi feita em 20 e 21 de março. No dia 8 de março, o governo zerou impostos da cesta básica.

"Os produtos têm comportamento diferenciado, dependem de clima, condições da safra. Mas o comportamento do consumidor ao passar pelo caixa é um só: sente no bolso. O aumento nos preços de alimentos não é percepção, é fato", diz o professor Claudio Felisoni, presidente do conselho do Provar (Programa de Administração de Varejo) e do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo).

A desoneração de tributos incluiu carnes, café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, pasta de dente e sabonete. Alimentos como leite, feijão, arroz, farinha de trigo ou massa, batata, legumes, pão e frutas já não têm tributação federal.

Quando questionados sobre material de limpeza, 56% responderam que notaram aumento de preços. Em relação aos produtos de higiene pessoal, 55% disseram ter notado aumento de preços.

"É preciso ressaltar que o repasse da desoneração de tributos não ocorre de forma linear no varejo. E, como o Brasil tem um complexo sistema tributário, um mesmo produto desonerado pode sofrer impacto diferente dependendo da região do país", afirma Alberto Serrentino, sócio da consultoria de varejo GS&MD Gouvêa de Souza.

REPASSE NA PONTA

José Roberto Tambasco, presidente da área de varejo alimentar do Grupo Pão de Açúcar, diz que a redução de custos na rede de supermercados chegou a 8% a 10%, principalmente no caso das carnes.

"Há produtos que não foram desonerados e outros que sofrem com efeito da pressão inflacionária, por isso o consumidor tem essa percepção", diz.

Levantamento divulgado pelo Procon-SP na quinta-feira passada mostrou que o preço da cesta básica havia caído pela segunda semana consecutiva na cidade de São Paulo. Mas a inflação de alimentos segue alta.

Para os especialistas em varejo, políticas pontuais de desoneração, como a anunciada, acabam confundindo o consumidor. "Isso tudo gera decepção no consumidor", afirma Felisoni.

Para Serrentino, o varejo tem interesse em fazer o repasse da desoneração. "Se o consumidor economiza de um lado com produtos básicos, pode gastar com mais supérfluos do outro."


Só um quarto do desconto foi repassado

Levantamento feito em dados da pesquisa semanal do Procon-SP sobre o custo da cesta básica na capital paulista mostra que só um quarto da redução esperada foi repassado ao consumidor. De 7 e 21 de março, o preço de 8 dos 12 itens desonerados que compõem a amostra caíram -a maior queda foi na salsicha (7%).


Menos da metade dos produtos barateia em SP


Menos da metade dos produtos da cesta básica que foram desonerados ficou mais barata nas últimas três semanas na cidade de São Paulo.

A Folha voltou ontem a cinco redes de supermercados diferentes e constatou que, de 80 preços desonerados em oito categorias (carne, café, óleo, manteiga, açúcar, papel higiênico, pasta de dente e sabonete), apenas 37 baratearam (46,25%).

Outros 23 ficaram mais caros, enquanto 20 não apresentaram variação.

A reportagem visitou lojas do Pão de Açúcar, do Carrefour, do Extra, do Walmart e do Sonda, nas zona oeste, norte e central.

Em duas visitas (12/3 e ontem), os preços das mesmas categorias, no mesmo peso e forma de apresentação, foram anotados.

Segundo os supermercados, os descontos já estão nas prateleiras. Eles dizem, porém, que é praticamente impossível que todos os produtos fiquem mais baratos, pois dependem de fatores como a safra e a negociação com fornecedores.



Veículo: Folha de S.Paulo


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