Profissionais idosos trazem vantagens para empregadores

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Experiência aliada a compromisso.

Empresas de diversos setores estão com olhos cada vez mais voltados para as vantagens em contratar profissionais com mais de 65 anos. Uma pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) realizada com 300 empresários do comércio varejista de Belo Horizonte revelou que mesmo áreas mais dinâmicas da economia, como os supermercados e as lojas de calçados, já estão aderindo à tendência.

Das empresas que disseram ter idosos no seu quadro de funcionários, 28,6% são do setor de super e hipermercados. Em seguida, vêm as óticas, as lojas de calçados, de vestuário e o segmento de cama, mesa e banho com 14,3%. O restante está pulverizado entre outros ramos.

"Ficamos surpresos porque supermercados e lojas de calçados requerem muita energia por parte dos profissionais", afirma o economista responsável pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo.

Ainda de acordo com os dados da Fecomércio, 20% dos idosos que estão trabalhando são atendentes, 15% são auxiliares de serviços gerais, 10% são vendedores, 10% gerentes, 7% estoquistas e 7% costureiras.

A pesquisa revelou também que a experiência, paciência e a atenção com o cliente são os principais diferenciais dos funcionários mais velhos. Além disso, os entrevistados também citaram o compromisso e a proatividade como pontos positivos. "Os idosos são escolhidos, normalmente, para as tarefas administrativas. Porém, como são pacientes e atenciosos, eles estão ocupando vagas de atendimento direto com o público", informa Ivo. A satisfação dos empresários é evidente. Segundo a pesquisa, 90% desses profissionais foram bem avaliados pelos seus chefes.

Na opinião do vice-presidente da micro e pequena empresa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marco Antônio Gaspar, a pessoa mais madura passa confiabilidade tanto para o empregador quanto para o cliente. " bom ter um empregado com quem a gente pode contar", diz Gaspar. Segundo ele, as novas gerações são muito instáveis. "O comprometimento do idoso é um importante diferencial."

Gaspar ainda cita o baixo custo desses profissionais como vantagem para o empresário. "Os idosos possuem menor expectativa com relação ao salário, pois têm menos despesas e muitos já recebem aposentadoria. Além disso, após os 65 anos eles não pagam vale-transporte, o que traz economia para os empregadores", afirma.

Compromisso - Com quatro lojas em Belo Horizonte e cerca de 150 funcionários, o Supermercados Guarim têm empregados com mais de 65 anos na padaria, no açougue e na limpeza. "O idoso no mercado de trabalho é uma experiência que deu certo. Só não contratamos mais porque não recebemos mais currículos. Muitos têm vergonha de se candidatar a uma vaga", diz a psicóloga e gerente de Recursos Humanos da empresa, Dalila Pereira de Sousa. Segundo ela, o idoso não chega atrasado, não é ansioso, nem está preocupado em ser promovido. "Ele trabalha com satisfação e compromisso, o que traz um baixo índice de rotatividade."

A ideia do Supermercados Guarim é mesclar profissionais jovens e mais maduros para oferecer a agilidade e bom atendimento ao cliente. Dalila de Sousa lembra, no entanto, que são necessários alguns cuidados com a contratação do idoso. "Não podemos comprar as férias nem obrigá-los a fazer muitas horas extras para preservar a saúde deles. Também é necessário evitar conflitos de gerações, pois os mais jovens querem tudo ‘para ontem’."

A coordenadora do Departamento de Pessoal do Supermercados BH, Gisele Fonseca, informa que os funcionários idosos são bastante comprometidos e envolvidos com as atividades, têm interesse e muita responsabilidade, além de demonstrar disposição e alegria. "Em nossa rede de lojas, estes profissionais estão concentrados nas funções de vigia e orientador de estacionamento, em sua maioria", diz.


Oferta de vagas cresce no mercado

O aumento dos idosos no mercado de trabalho se deve a diferentes fatores. Em primeiro lugar, a baixa taxa de desemprego atual, que gira em torno de 4% e 5%. "O índice nesse patamar é considerado emprego pleno. Com mais vagas disponíveis, há espaço para diversos perfis de profissionais", explica o vice-presidente da micro e pequena empresa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marco Antônio Gaspar.

Além disso, há a necessidade do aposentado em complementar a renda. "Culturalmente, o brasileiro não tem a preocupação com a aposentadoria e, infelizmente, só 1% dos aposentados é autossuficiente", explica o economista responsável pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo.

Outra influência é a maior expectativa de vida do brasileiro que, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 74 anos. "As pessoas estão envelhecendo com mais saúde e mais qualidade de vida. Chegam à aposentadoria em condições de continuarem ativos", complementa Ivo. (JDM)



Veículo: Diário do Comércio - MG


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