Pesquisa mostra que 17% dos paulistanos têm intenção de comprar roupas e calçados
A intenção de compra do paulistano para o período de abril a junho ensaiou reação, favorecido por datas sazonais, mas o cenário para o consumo segue desafiador em meio a preços altos, inadimplência em patamar elevado e menor disponibilidade de renda do consumidor, mostrou uma pesquisa nesta terça-feira.
O número de consumidores da capital paulista que pretendem adquirir algum bem durável neste trimestre teve alta de 2,4 pontos percentuais sobre os três primeiros meses do ano, para 59,2%, segundo levantamento do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA). Já na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o índice ficou praticamente estável.
A categoria de vestuário e calçados liderou as intenções de compra, com 17%, seguida por móveis (12%) e linha branca (9,4%). Mas apenas três categorias tiveram alta ante o mesmo período do ano passado: eletroeletrônicos, móveis e eletroportáteis. Segundo o presidente do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, o segundo trimestre tende a ser favorecido por datas comemorativas, como Dia das Mães e Dia dos Namorados.
Para Felisoni, na comparação anual, a estabilidade do índice aponta que “os consumidores estão muito cuidadosos em relação à decisão de compra por conta da inflação, mesmo com estímulo ao crédito”.
O consumo no país tem apresentado desempenho morno nos últimos trimestres, contrariando expectativas de que as medidas de incentivo adotadas pelo governo ajudariam o setor.
“As medidas de estímulo estão tendo pouco retorno porque não acompanham a real capacidade de expansão do consumo”, disse Felisoni. “Não há nada pior para o consumo do que a inflação.”
Além da inflação, ele citou como entraves para maior expansão do consumo a inadimplência ainda em patamares elevados e sem perspectiva de queda significativa. O Provar estima que a inadimplência fique em 7,87% em junho.
A menor disponibilidade de renda é outro fator que tem pesado sobre o consumo. Segundo a pesquisa, do total do orçamento familiar, apenas 10% deve estar disponível para consumo no atual trimestre. Um ano antes e no trimestre anterior, esse nível era de 11,4%.