A China poderá superar os Estados Unidos este ano como maior mercado de comércio eletrônico. No Brasil essas transações devem crescer pelo menos 34% até 2016. As projeções foram apresentadas ontem na Organização Mundial do Comércio (OMC), em evento sobre o potencial dos negócios na internet para empresas de nações em desenvolvimento.
Este ano as vendas on-line ao consumidor final (B2C, ou business-to-consumer) no mundo podem superar US$ 1,25 trilhão, ou US$ 50 bilhões a mais que 2012. Já as transações entre empresas (B2B) são dez vezes maiores e alcançaram US$ 12,4 trilhões no fim de 2012. Analistas admitem, porém, confusão na diversidade de estimativas, sem possibilidade de separar entre transações nacionais ou internacionais.
As projeções apontam novo salto da China. Desde 2003, essas transações cresceram 120% ao ano no país. Somente a Alibaba, grande empresa chinesa do setor, tem hoje 24 mil empregados. A fatia da Ásia-Pacífico no comércio total aumentará de 27,9% em 2011 para 39,7% em 2016. A da América do Norte cai de 35,9% para 28,2%.
O peso do comércio eletrônico na América Latina aumentaria no período de 3,1% para 3,5% do total. Na última década, as vendas on-line para o consumidor na região pularam de US$ 1,6 bilhão para US$ 43 bilhões, com o Brasil representando 59% do total. No caso dos negócios entre companhias (B2B), a expectativa no Brasil é que o total de transações aumente de US$ 23,7 bilhões este ano para US$ 31,8 bilhões em 2016.
Torbjorn Fredriksson, diretor da divisão de comércio eletrônico na Agência da ONU para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), apresentou pesquisa apontando o Brasil como o país onde as empresas estão especialmente ativas. Mais de 50% faz compras pela web, bem à frente da Austrália ou do Japão.
Na América Latina, 90% dos compradores usam smartphone para fazer compras pela web, mais no exterior do que nos sites locais.
O comércio eletrônico cresceu nos países em desenvolvimento, mas ainda está lento por causa de uma série de problemas, diz Fredriksson. Por exemplo, a preocupação com entrega, custo, fraude, proteção de dados.
Para Harsha Singh, um dos vice-diretores da OMC, o comércio eletrônico e seus benefícios ainda estão muito longe de seu potencial, especialmente através do telefone celular. Ele destacou o crescimento das vendas de celulares 3G nos EUA, de 26%, comparado a 1.050% na Índia, 172% na China, 104% na Turquia e 79% no Brasil em 2011.
Susan Teltscher, da União International de Telecomunicações (UIT), previu que quase toda a população mundial terá cobertura de redes de celulares até o fim do ano. Serão 6,8 bilhões de assinantes de celular, 96% de penetração, mas isso não significa que cada pessoa tenha um aparelho e sim o uso de múltiplos telefones.
Outra projeção é de que até o fim deste ano, 39% da população mundial estará online (2,7 bilhões de pessoas), o que impulsionará ainda mais as transações on-line. Em sua conferência de ministros marcada para dezembro em Bali (Indonésia), os 159 países membros da OMC deverão aprovar de novo o compromisso de não cobrar impostos sobre conteúdo digital.
Veículo: Valor Econômico