Compra de bens não duráveis colabora para o crescimento do PIB em toda a região.
Assim como observado no Brasil, através de um estudo divulgando recentemente pela Kantar Worldpanel, o Consumer Overview da América Latina, monitorado pela mesma instituição, aponta que a compra de bens de consumo não duráveis representou grande colaboração para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em toda a região. Apesar da queda no número de visitas aos pontos de venda, o valor investido na aquisição desses produtos cresceu 7,8% entre os latinos.
Na comparação com o cenário mundial, verificou-se que na América Latina houve um crescimento do PIB de 3%, próximo à média global, que marcou 3,9%. "No panorama mundial do nosso estudo, nota-se claramente que os responsáveis em sustentar o crescimento foram os países emergentes. Quando os destacamos do todo, juntos eles registraram um aumento de 5,1% do PIB, em 2012, enquanto as nações desenvolvidas cresceram juntas apenas 1,6% no mesmo período", explica a a diretora comercial da Kantar Worldpanel no Brasil, Christine Pereira.
Apesar de diminuirem o número de visitas aos pontos de venda, os latino-americanos estão gastando mais e elevando o valor desembolsado e o tíquete médio. Em 2012, registraram uma média de 191 ocasiões de compras, o que significa uma redução de 3,1% em comparação ao ano anterior, enquanto o tíquete médio da região, registrado no mesmo período, de US$ 8,15, representou um aumento de 13,9%. "Nesse aumento do tíquete médio, entram no cálculo os aumentos de preços e inflação, porém, assim como no Brasil, também podemos perceber um crescimento no volume de consumo e a busca por produtos com maior valor agregado", completa Christine Pereira.
A insegurança e a violência ainda ocupa o topo das preocupações. Em 2012 o tema incomodou 66% dos latinos. Além de continuar em primeiro lugar, foi registrado um aumento de 6 pontos percentuais em comparação à 2010, quando a segunda posição era ocupada pelo aquecimento global. Atualmente, a inflação também tira o sono da população e o aumento de preços, com 55%, ocupou a segunda posição, enquanto o aquecimento global caiu para quarta posição, com 37%.
Essa preocupação com preços e inflação começa a refletir na intenção dos latinos em poupar. Em 2008, apenas 37% afirmavam que tinham planos de guardar suas economias, já em 2012, 63% da população da América Latina estava pensando em fazer uma poupança. O principal destino do dinheiro guardado seria ter uma reserva para o futuro, seguido por melhorias em suas residências, mesma ordem registrada no período anterior. Contudo, a partir da terceira posição, nota-se uma mudança nos sonhos em 2012, pois as reservas seriam destinadas para a compra da casa própria, enquanto em 2008, o destino era a educação, que, agora, ocupa apenas a quinta posição.
De qualquer forma, o povo latino-americano continua bastante otimista para 2013. Com a melhora de situação de sua vida pessoal e de seu país, 88% estão esperançosos com sua realidade individual e 71% com a situação de seu país. Os percentuais vêm crescendo, deram um salto considerável apesar da preocupação com a inflação, já que, em 2012, 74% sentiam-se positivos com melhorias em sua vida financeira e 59% estavam otimistas com o panorama de seu país.
Mulheres - Outro importante destaque observado durante o monitoramento do consumidor na América Latina são os altos índices de domicílios com mulheres provedoras do lar, que estão chamando a atenção em quase todos os países da região. Nesse tópico, o Brasil ocupa o topo da lista. Aqui, 41% dos lares são liderados por uma mulher. Somos seguidos pela Argentina e países da América Central e Caribe, nos quais 35% dos lares tem uma mulher no comando.
Assim como observado no Brasil, os países da América Latina também estão priorizando a compra de produtos mais sofisticados. A variação da penetração das categorias mostra que os lares latino-americanos buscam produtos que tragam mais benefícios. Nota-se claramente este comportamento ao se observar os três produtos que mais cresceram em penetração em alguns países, como Brasil: detergente líqüido, bolos industrializados e enxaguante bucal; México: chá gelado, sobremesas frias e chocolate em barra; Argentina: sorvetes, água mineral e congelados; e Chile: cereais, água saborizada e creme de leite.
"Apesar do menor número de visitas aos revendedores, podemos verificar que, além do próprio aumento de preços devido à inflação, o aumento do valor desembolsado na compra de bens não duráveis pelos latino-americanos também justifica-se por essa conquista de produtos considerados Premium", explica Christine Pereira.
Veículo: Diário do Comércio - MG