Brasil vem perdendo terreno.
Pelo menos três economias - Brasil, Rússia e Índia - que compõem os Brics têm perdido terreno para outros países quanto à capacidade de crescimento dos negócios, a exemplo de Cingapura, Finlândia, Suécia, Israel e Áustria. "Na América Latina emergem México, Colômbia, Peru e Chile", observa o gerente associado de auditoria da Grant Thomton Brasil, Paulo Sérgio Dortas.
Segundo ele, a carência de infraestrutura, o excesso de burocracia e a deficiência em sistemas de comunicação e tecnologia estão entre os maiores desestímulos para investidores nesses países, inclusive no Brasil. Sua avaliação é sustentada pela pesquisa International Business Reporte (IBR), realizada recentemente junto a 12.500 empresas de 44 países, que avaliou as maiores restrições para o crescimento de seus negócios.
O estudo revelou que 45% das companhias presentes nos países que formam os Brics citaram a infraestrutura de transporte (logística) como um dos maiores entraves a sua expansão. Esse resultado significou um aumento de 21% em relação ao registrado no ano passado e bem acima da média global, que ficou em 12%. Na Rússia, essa preocupação atingiu 74% dos empreendedores, enquanto na Índia tem afetado 59% deles. No Brasil, a deficiente infraestrutura é entrave para 21% das empresas, enquanto na China atinge 22%.
Já o ambiente regulatório e a burocracia são considerados entraves para 55% dos empresários dos Brics. Os mais incomodados são os empreendedores da Índia e da Rússia. Em cada um desses países, eles atrapalham 69% das empresas. Esse é um problema para 47% dos empresários em atuação no Brasil e para 36% dos que fazem negócios na China.
ICT - Para 47% dos entrevistados, a infraestrutura em Informação, Comunicação e Tecnologia (ICT) é outra grande restrição ao crescimento das empresas. Esse resultado significou um crescimento de 19% em relação ao ano passado. Os líderes da Índia e Rússia são os mais preocupados, com percentuais de 64% e 63%, respectivamente. No Brasil, é motivo de insatisfação para 36% dos empresários e, na China, para 28%.
"Os investimentos em infraestrutura parecem ter ficado aquém do crescimento", observa Dortas, lembrando que, desde 2002, os Brics responderam por mais de 30% da economia global. E que, nos próximos cinco anos, essa participação deve passar para 37%. Em sua avaliação, esse descompasso representa um risco, não apenas para as economias dos próprios países, mas para a de todo o mundo.
Dos quatro países, o que alcançou o pior desempenho em 2012 foi o Brasil, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,9%. Na Rússia o aumento foi de 3,4%; na Índia alcançou 5%, e na China, com o menor resultado dos últimos dez anos, o incremento foi de 7,8%.
"Estamos pessimistas. Infelizmente o Brasil tem deixado de ser de interesse dos empreendedores", avalia Dortas. "Se o pacote de infraestrutura anunciado no ano passado sair do papel, haverá alguma esperança. Mas já estamos quase no meio do ano, o que significa que estamos perdendo tempo e atratividade", lamenta.
Veículo: Diário do Comércio - MG