Com crescimento superior a 50% nos últimos dois anos, o mercado brasileiro de videogames vem atraindo a atenção dos fabricantes de consoles e desenvolvedores de jogos. A disputa é pelos mais de R$ 1,6 bilhão que os jogadores do país gastam por ano com esses produtos.
A rede varejista Próximo, especializada em videogames, planeja colocar em prática um plano ambicioso para aproveitar o cenário positivo. Criada em 2009, a companhia brasileira tem atualmente 3 lojas no país e planeja encerrar o ano com 10 unidades, todas próprias. Até 2017, a meta é chegar a 100 lojas, e atingir uma receita de R$ 1 bilhão.
Para fazer isso, a companhia conta com duas estratégias básicas: estruturar um sistema de franquias e iniciar um movimento de expansão internacional, com a abertura de lojas em outros países da América Latina. O reforço das operações na internet é outro ponto. A expectativa é que 70% da receita venha da venda de softwares, consoles e acessórios por meio de uma loja eletrônica, que será operada diretamente pela companhia.
O investimento inicial no projeto de expansão é de US$ 30 milhões. Os aportes começaram a ser feitos em julho, quando o fundo americano Brickell Global, de Miami, comprou as operações da Próximo Games, rede que já atuava no Brasil e serviu de ponto de partida para a companhia atual.
Concebida pelo empresário americano Kevin Baqai, a Próximo Games tinha como objetivo abrir 20 lojas até o fim de 2010, principalmente por meio de franquias. Mas o projeto não decolou. A companhia acabou ficando apenas com uma loja física em Curitiba e uma loja on-line, até ser comprada pelo fundo americano.
Com a aquisição, a marca mudou - passou a ser apenas Próximo - e foi aberto um escritório em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. A companhia também estabeleceu um centro de distribuição em São José dos Pinhais (PR). Em dezembro, duas lojas foram abertas em São Paulo, nos shoppings Villa Lobos e Eldorado. Outras duas lojas em Curitiba, previstas para abril, tiveram sua abertura adiada para maio.
A ideia é apostar no modelo de franquias a partir do ano que vem. "Em 2013, vamos testar o modelo de negócios, construir o valor da marca para poder apresentar um pacote interessante a quem se interessar por uma franquia", diz Caio Junqueira, executivo responsável pela atuação da Próximo no varejo físico. A expectativa é começar a investir em outros países em até três anos, com foco no Chile, na Argentina e na Colômbia. À frente da empresa também está Yves van Hemelryck, que responde pela loja virtual.
A Próximo pretende atrair tanto jogadores frequentes quanto aqueles que têm pouca familiaridade com videogames. Nas lojas, os jogos ficarão expostos nas prateleiras, para facilitar o acesso pelos usuários, e as equipes de vendedores serão formadas por profissionais que conhecem bem os games, dizem os executivos.
Os jogadores poderão trocar jogos velhos por novos (pagando eventuais diferenças de valor) ou deixa seus games na loja, onde serão vendidos a outras pessoas. No site, segundo van Hemelryck, a ideia é simplificar o processo de compras: os pedidos poderão ser fechados com no máximo três cliques. A empresa também vai estimular a interação com os jogadores por meio das redes sociais.
Para Luiz Pazos, diretor da IDG, que presta consultoria e distribui jogos na América Latina, o estabelecimento de uma nova companhia é um sinal de amadurecimento do mercado. "O varejo especializado ajuda a estruturar o mercado, a mantê-lo em constante movimento", diz. "Vender videogame não é fácil, é preciso conhecer bem o mercado para saber o que vai fazer sucesso, ou não. Os varejistas tradicionais não têm esse foco porque não vivem só disso."
Segundo Pazos, na maioria dos países onde o mercado de videogames está desenvolvido os maiores vendedores de jogos são os varejistas especializados (como a Gamestop nos Estados Unidos e a Gamers no México). Hoje, o Brasil só tem uma grande rede especializada, a UZ Games, com 52 lojas. A maior vendedora de videogames do país, segundo a IDG, é a Saraiva, com 20% do mercado. As duas redes, somadas a Lojas Americanas e à B2W, somam 43% do mercado. A IDG estima em mais de 3,5 mil o número de lojas que trabalham com videogames no Brasil.
Veículo: Valor Econômico