Quase um ano se passou entre a primeira batida à porta da gigante do varejo de cosméticos da França até os produtos ganharem espaço nas prateleiras das 140 lojas da Sephora pela Europa. Parece pouco, mas para a empresária Cristina Ferreira, dona da Amazônia Viva, pequena indústria de cosméticos com sede em São Paulo, foi uma eternidade. "Somos o terceiro mercado mundial em cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, pelos dados do Instituto Euromonitor. Mas, passamos décadas tendo como referência de status e atualidade a importação de produtos", diz a empresária. "A nossa entrada na Europa como fornecedora exclusiva da Sephora prova que é possível reverter esta realidade."
A linha corpo da Amazonia Viva, à base de pequi e cupuaçu, começou a ser comercializada esta semana pela rede francesa a preços que variam de € 20 a € 30, 20% mais caro do que no Brasil. Para apresentar a marca aos clientes, a rede preparou ações de marketing exclusivas com promotoras na maior loja da cadeia, na Champs Elysées, além de divulgar os produtos no canal de fidelidade Sephora.
De acordo com o departamento de relações públicas da cadeia de varejo francesa, a escolha da Amazonia Viva deu-se pela forte mensagem que a marca passa em suas linhas compostas por fórmulas à base de ingredientes ativos com 100% de alcance de regeneração e provenientes da floresta amazônica. "A Sephora é uma caçadora de beleza que busca levar o melhor das tendências mundiais para seus clientes, que prima pela qualidade e pela exclusividade. Contarmos com uma marca de cosmético natural brasileira é muito importante para o nosso portfólio. O Brasil está em alta e as brasileiras se cuidam muito, o que avaliza ainda mais os produtos", afirmam.
Para a Amazonia Viva a parceria funcionará como uma grande vitrine e garantirá um crescimento significativo. "Nossas vendas deverão aumentar cerca de 70% elevando o faturamento para R$ 1 milhão em 2013", diz Cristina. "Em cinco anos, a expectativa é chegar a R$ 30 milhões e ter espaço nas mais de 500 lojas Sephora fora da França".
Aos poucos, o projeto que a empreendedora brasileira começou a desenhar no final dos anos 90 começa a ganhar forma. Depois de construir uma carreira como executiva de uma multinacional da área de higiene e beleza, Cristina decidiu, em 1995, abrir uma importadora e exportadora de cosméticos em São Paulo. "Mas sempre prevalecia uma vontade grande de trabalhar uma grife brasileira que fosse consumida globalmente pela porta da riqueza original da floresta amazônica", lembra. Para empreender com segurança, Cristina frequentou um curso de empreendedorismo no Insead, na França, buscou fornecedores sustentáveis dos insumos da Amazônia, visitou comunidades, debruçou sobre pesquisas relacionadas a frutos e sementes da floresta e, só então, partiu para o desenvolvimento da linha.
Lançada em 2006, a Amazonia Viva conta com cinco produtos para o corpo, quatro para o cabelo e cinco fragrâncias. No Brasil, os produtos são comercializados via websites, perfumarias seletivas e alguns spas. Em breve, serão vendidos em lojas selecionadas das redes Renner e Mundo Verde, assim como nas mega stores Onofre. Para internacionalizar os negócios, este ano foi inaugurada a Amazônia Viva Europa, que será tocada pelos sócios franceses Jean Louis Scholer e Glivier Vinot. "A Sephora abriu as portas, agora é preciso trabalhar a marca na Europa", diz Scholer.
Veículo: Valor Econômico