A Raízen, joint venture formada entre os grupos Cosan e Shell, e a International Meal Company (IMC), dona da rede Frango Assado, estão em negociações avançadas para criar uma empresa para operar lojas de conveniência instaladas em postos de gasolina, apurou o Valor.
As duas empresas vão formar uma joint venture, com 50% de participação cada uma. Essa nova empresa não incluirá, nesta primeira etapa, as lojas já existentes da Select, da Shell; e do Frango Assado, da IMC. No entanto, a partir da consolidação da parceria, a marca Frango Assado, que tem forte expertise na área de alimentos, já estará nas unidades que serão futuramente administradas em conjunto.
Há alguns meses, IMC e Raízen deram início a conversações. As negociações, contudo, demoraram a avançar porque o modelo desenhado inicialmente previa que Cosan e IMC aportariam nessa associação as redes Select e Frango Assado. Nesse modelo, a Cosan teria o controle da nova companhia, com 60%. Com os 40% restantes, a IMC não poderia mais consolidar os resultados da rede Frango Assado em seu balanço. A perda dessas receitas poderia prejudicar seus atuais indicadores financeiros. As companhias, então, partiram para a joint venture com o controle compartilhado e válida, inicialmente, apenas para as próximas lojas que forem operadas a partir da assinatura do contrato.
Em um prazo de dois anos, a previsão é que a nova companhia faça um novo desenho societário e, assim, as lojas antigas das duas redes serão consolidadas na joint venture. Procuradas, as companhias não comentam o assunto.
Analistas ouvidos pelo Valor afirmam que essa parceria poderá agregar muito valor ao negócio de ambas, que vão acelerar sua expansão no segmento. A IMC deverá ficar com o controle da operação, indicando o principal executivo, enquanto o diretor financeiro será sugerido pela Cosan. A Raízen quer crescer nesse segmento. No entanto, terá muito mais velocidade associando-se à execução operacional da IMC, o que acrescentará competitividade e custos. Em recente entrevista ao Valor, a Raízen previa a abertura de 1,5 mil lojas até o fim de 2017.
Em fevereiro, o Bank of America Merrill Lynch estimou em relatório que a contribuição das lojas de conveniência para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Cosan poderá triplicar em até cinco anos. De acordo com as estimativas dos analistas Fernando Ferreira e Isabella Simonato, hoje essas lojas respondem por 3% do Ebitda da Raizen Combustíveis e 1% do Ebitda da Cosan - e esses percentuais podem alcançar 9% e 3%, respectivamente em cinco anos.
Os analistas trabalharam com dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), atualizados até 2011. O segmento de lojas de conveniência gerou R$ 3,8 bilhões em vendas em 2011. Olhando para o período de 2006 a 2011, apresentou 15% de taxa de crescimento anual composta (CAGR), ou 2,5 vezes mais do que as vendas de supermercados no Brasil. Em relação ao número de lojas, a estimativa do Sindicom é que, de 2011 a 2016, o CAGR seja de 10,9%; acima da média histórica do segmento, de 6,5%.
A líder no setor, em 2011, foi a Ipiranga (do grupo Ultra), com 1.203 lojas ou 18% do mercado; seguida pela BR (da Petrobras), com 723 unidades e 10,9% do mercado; e a Raízen vem em terceiro lugar, com 620 lojas e 9,3% de fatia. Nas projeções feitas pelos analistas do banco, esse ranking continuou inalterado em 2012 - Ipiranga atingiu 1.403 lojas, BR com 887 e Raízen ficou em 720.
Os analistas do Bofa Merrill Lynch observaram ainda que as lojas sem marca respondem por quase metade do mercado ou 47%. Atualizando o dados da Raízen para fevereiro de 2013, as 750 unidades da rede em operação representam apenas 16% todos os postos que a empresa possui. Por essas razões, a equipe do banco enxerga grandes oportunidades nesse segmento para a empresa.
Apesar do forte crescimento recente no segmento, as 6.640 lojas existentes em 2011 refletiam uma penetração de mercado de 17% em relação ao número de postos de gasolina existentes. Nos Estados Unidos, esse índice é de 95%; Reino Unido, 84% e, na Argentina, 49%.
Veículo: Valor Econômico