Em meio a uma forte queda nas vendas de cigarros, a Souza Cruz reforçou a aposta em ganhos de rentabilidade para garantir um lucro maior no primeiro trimestre. A receita ficou estável em relação a um ano antes, em R$ 1,42 bilhão, mas houve alta de 2,6% na última linha do balanço, para R$ 454 milhões.
Os custos caíram 5,3%, levando o lucro bruto a um aumento de 2,1%, para R$ 1 bilhão. A empresa também conseguiu encolher em 0,9% as despesas operacionais, levando o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) a uma alta de 3,8%, para R$ 705 milhões. Cerca de 50% da receita se converteu em lucro operacional, contra 48% um ano antes.
O que chamou atenção no trimestre, no entanto, foi a queda de 23,4% no volume de vendas de cigarros, para 14,1 bilhões de unidades. O desempenho, que já havia sido antecipado pela empresa há cerca de dez dias, pegou o mercado de surpresa na ocasião - as projeções apontavam para um recuo entre 13% e 15%.
No relatório que acompanha o balanço, a direção da Souza Cruz afirma que o tombo ocorreu por conta do aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) implementado em janeiro, que fez com que os varejistas antecipassem suas compras para recompor estoques sob os preços menores - o que não deve se repetir nos próximos meses.
Mas os analistas estão mais céticos quanto à recuperação. Em relatório, a equipe do Itaú BBA sinaliza que será preciso acompanhar os próximos resultados para avaliar até que ponto os consumidores vão tolerar os seguidos aumentos de preços implementados pela companhia.
Já o Bank of America Merrill Lynch (BofA) reduziu o preço-alvo estimado para as ações ao fim do ano de R$ 36 para R$ 34 e manteve a recomendação "neutra" para os papéis. "Apesar dos resultados sólidos, nós estamos mais cautelosos na recuperação de volume em 2013 e assumimos uma queda de 8% ao ano, ante estimativa anterior de recuo de 2%", escreveram em relatório.
Dados da consultoria Nielsen mostram que o mercado formal como um todo encolheu no começo do ano e quem conquistou espaço com o avanço dos preços foi o contrabando. Apesar da forte queda nos volumes, a Souza Cruz ganhou 3 pontos percentuais em relação à concorrência, com uma participação de 77% nas vendas.
Veículo: Valor Econômico