A indefinição em torno do reajuste dos preços mínimos do café no país, que vem sendo negociado nos bastidores desde março, causou rusgas na relação entre os ministérios da Fazenda e da Agricultura.
A Fazenda ficou insatisfeita com a postura da Agricultura. Na avaliação de seus técnicos, a demanda dos produtores, que querem uma elevação de R$ 261,69 para R$ 340 para a saca de 60 quilos do café arábica, é muito superior ao reajuste possível, sobretudo com a inflação em alta. Por isso, criticam a postura da Agricultura de simplesmente receber uma demanda e transferir o problema para a Fazenda, sem negociação prévia.
Já o Ministério da Agricultura avalia que o cálculo do valor pedido está correto, já que foi embasado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os especialistas da Pasta lembram que o preço mínimo serve para cobrir os custos de produção e não pode ser menor que esses custos.
O reajuste vem sendo esperado desde a reunião do fim de março do Conselho Monetário Nacional (CMN). No encontro de abril do CMN, nova frustração. A Fazenda ofereceu R$ 310 e a Agricultura não aceitou. Houve, então, uma promessa de que os valores seriam divulgados no dia 30, mas nada aconteceu.
A sequência de desencontros chegou até ontem, quando o Ministério da Agricultura convocou uma coletiva de imprensa para às 15h para divulgar o preço. Mas ela foi desmarcada 30 minutos antes do horário marcado, por "falta de um documento". Mais um sinal de que, até aquela hora, a indefinição persistia.
As idas e vindas do governo já começam a interferir no mercado. De olho em uma possível valorização da commodity, muitos produtores seguram as vendas à espera da decisão, o que "enxuga" a oferta e pode ajudar a puxar para cima os preços no mercado.
Em abril, as exportações brasileiras de café somaram 2,458 milhões de sacas, 40% menos que no mesmo mês do ano passado.
Veículo: Valor Econômico