produção de café robusta (conilon) no Espírito Santos nesta safra 2013/14, que está em fase inicial de colheita, poderá recuar de 10% a 15% em relação ao ciclo anterior por conta do clima adverso em algumas regiões do Estado, segundo Enio Bergoli, secretário de Agricultura capixaba. Em 2012/13, a produção bateu recorde e alcançou 9,7 milhões de sacas.
O Espírito Santo responde por 75% da produção nacional de robusta. Neste início de colheita, que se intensificará entre maio e julho, os grãos estão menores. A região norte do Estado, que representa cerca de 80% da safra, enfrentou uma situação climática atípica. Em agosto, período predominantemente seco, chuvas intensas prejudicaram o florescimento do café e a consequente formação dos frutos; depois, de novembro a fevereiro, os índices pluviométricos ficaram abaixo da média, o que afetou as lavouras não irrigadas da região sul do Estado. No norte, a maioria das propriedades cafeeiras usa irrigação e também faz o manejo de podas e nutrição, o que garante grande produtividade.
O clima desfavorável prejudicou principalmente as lavouras mais maduras, com entre quatro e nove anos de idade, já que as novas, que estão entrando em produção diante da grande renovação dos cafezais capixabas, têm melhor rendimento.
As projeções sobre o tamanho da safra ainda são iniciais perante algumas variáveis que podem alterar os números, como por exemplo a entrada em produção dos novos cafeeiros. Mas, por enquanto, a conversão do grão maduro para o seco (em termos de peso) não está boa em todas as principais regiões produtoras, conforme Bergoli. "Os grãos estão mais leves, 'chochos', queimados", afirma. O secretário observa que em algumas regiões a perda pode ser ainda maior que os 10% a 15% estimados atualmente.
Em contrapartida, a produção de café arábica, na região centro-serrana do Estado, deverá subir em 2013/14. Apesar da falta de chuva, os efeitos não foram tão acentuados para o arábica, que também passa por renovação das plantas. Em 2012/13, a safra foi de 2,8 milhões de sacas e as projeções para a colheita que se inicia é que o volume alcance de 3,2 milhões a 3,3 milhões.
Somando a produção menor de robusta e a colheita maior de arábica, a safra total do grão no Espírito Santo poderá ficar praticamente estável frente ao ciclo 2012/13 - cerca de 12,5 milhões de sacas, de acordo com Bergoli. A Conab estima a produção em 12,8 milhões de sacas no Estado (3,3 milhões de sacas de arábica e 9,5 milhões de conilon).
Apesar da menor produção de café robusta em 2013/14, o Estado avançou muito nos últimos anos e, como resultado da segunda fase do programa de melhoramento genético promovido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), serão lançadas em junho três novas variedades clonais da espécie, com características sensoriais de aroma e sabor, o que "desmitifica a ideia de que o conilon não tem gosto", diz Bergoli.
Veículo: Valor Econômico