A grande maioria (70,9%) dos consumidores de Belo Horizonte fez um planejamento de gastos para o mês de abril, mas pouco mais da metade (34,5%) conseguiu, de fato, cumprir com o que havia projetado. Ainda assim, houve aumento em relação a março, quando 32,6% das pessoas planejaram e seguiram o orçamento proposto, aponta a Pesquisa de Orçamento Doméstico realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) relativa a abril, divulgada ontem.
O economista da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo, ressalta que a incoerência do consumidor, que planeja mas não cumpre, está diretamente relacionada à confiança que ele tem na economia do país. Ao analisar a diferença (GAP) entre a intenção e o hábito, a pesquisa mostra que o período em que ela mais se aproximou do zero foi no auge da crise econômica, em setembro de 2009, quando o GAP foi de 0,2%. No mês passado, o GAP chegou a 10,8%, mas foi o mais baixo deste ano. Em janeiro, o índice foi de 17,9%; em fevereiro, de 31,3%; e em março, de 18,9%.
"Tais indicadores reforçam que o consumidor brasileiro não tem a cultura da educação financeira, levando-o, muitas vezes, ao descontrole orçamentário, uma das principais causas da inadimplência", enfatiza o economista.
Há ainda um percentual de 31,5% que respondeu ter cumprido parcialmente o orçamento de abril, enquanto 4,9% ficaram apenas na intenção e não fizeram nada daquilo o que haviam planejado para abril, o que revela um recuo sobre março, quando 7,3% agiram com total descaso e gastaram sem se preocupar com que havia sido projetado. "A maioria diz que planeja os gastos, que adota uma postura consciente no que diz respeito ao consumo, mas nem todo adotam no dia a dia práticas coerentes a essas opiniões", ressalta Andrade Ivo.
O levantamento da Fecomércio mostrou também que aumentou o número de famílias - de 22,8% em março para 29,1% no mês seguinte - que não faz qualquer tipo de previsão de gastos.
Compras por impulso - Por outro lado, houve queda no percentual de consumidores que compraram por impulso, de 41,7% para 39,9% entre março e abril. A retração vem ocorrendo mês a mês, desde janeiro, período em que mais da metade (50,3%) afirmavam fazer compras de maneira impulsiva, levados pela emoção do momento. Em fevereiro o percentual baixou para 52,1% e não parou de cair.
Sobre a situação financeira, 49,3% dos entrevistados disseram que conseguem pagar as contas em dia, mas não sobra nada no final do mês. Este percentual, em março, foi de 45,9%. Houve um ligeiro recuo - de 46,9% para 45,8% - no número de famílias que, depois de pagar as compromissos, consegue ter alguma sobra até que entre o novo salário ou rendimento.
A boa notícia foi a redução no percentual de consumidores que sempre precisa recorrer a algum tipo de financiamento (de 5,3% em março para 4,6% em abril), daqueles que não recorrem e continuam devendo muito (de 0,6% para 0%) e dos que mesmo, recorrendo a empréstimos, nunca conseguem pagar tudo (1,3% para 0,3%).
Os alimentos ocuparam, em abril, o topo do ranking de despesas correntes dos consumidores de Belo Horizonte, responsáveis por 27,1% dos gastos. Em março as famílias gastaram 20% de seu orçamento para se alimentar. Naquele mês, a água foi a maior despesa para 24,4% das famílias, número que em abril caiu para 22,3%. Tiveram queda também, de 17% para 12,1% os gastos com energia elétrica.
Veículo: Diário do Comércio - MG