Cesta básica tem a 5ª alta consecutiva

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Não foi desta vez que o consumidor viu o cenário melhorar com relação aos preços dos alimentos nos supermercados rio-pretenses. Pelo quinto mês consecutivo a cesta básica na cidade fechou com alta e desta vez foi ainda mais alarmante, com uma variação de 5,01% em relação ao mês anterior, como aponta a pesquisa mensal da cesta básica realizada pela Faculdades Integradas Dom Pedro 2º.

Esta é a maior alta da cesta desde janeiro de 2012, quando fechou com 5,82% de alta, e é também a terceira maior variação registrada na história da pesquisa, iniciada em 2010, ficando atrás do mês de janeiro de 2012, já mencionado, e de novembro de 2011, quando atingiu o pico de 8,21%. O valor médio da cesta básica no mês de abril ficou em R$ 944,47, o maior já registrado na história da pesquisa.

E o principal culpado continua sendo o tomate que, apesar de ter registrado uma pequena redução nos seus preços nas últimas semanas, continuou influenciando negativamente no resultado final. O fruto, que atingiu preços elevadíssimos nos últimos meses, chegando a custar R$ 11,99, o quilo, em supermercados de Rio Preto, continuou sua escalada no mês de abril, com uma alta de 23%.

Segundo o economista Hipólito Martins Filho, coordenador da pesquisa, as razões para o constante aumento são as mesmas dos últimos meses, mas já há indícios de mudanças. “Continuamos tendo um consumo crescente, ainda sofremos com os efeitos da questão climática resultante do período das chuvas e também com o efeito do crescimento da renda real nos últimos meses. Entretanto, as coisas devem começar a mudar um pouco daqui para a frente, com uma pequena redução ou pelo menos uma acomodação dos preços. A renda real já não está crescendo na mesma proporção e o clima já está ficando mais propício”, afirma.

Já no caso específico do tomate, o economista acredita que a manutenção dos preços altos pode ser uma forma de compensação. “Na semana passada fui ao supermercado para checar o preço do quilo do tomate e estava na faixa dos R$ 3, esta semana já está mais de R$ 6. É difícil explicar isso, já que, pela época do ano, era para já ter começado a baixar. Só pode ser os produtores tentando compensar pelas perdas do ano passado”, disse.

Segundo a professora de matemática estatística Patrícia Correia de Souza Menandro, que também coordena a pesquisa, o consumidor até encontra valores mais baixos, mas em promoções. Entretanto, apenas preços reais são contabilizados para a pesquisa. “Não levamos em conta ofertas”. Além do tomate, outros oito alimentos, dos 15 analisados, fecharam em alta em abril. O feijão foi a segunda maior alta, com 9,38%, seguido pela laranja (6,99%), a batata (6,74%), a banana (6,5%), o pão francês (5,65%), o frango (4,09%), o leite (3,3%) e a farinha (1,74%).

No acumulado dos últimos 12 meses, de maio de 2012 a abril de 2013, a cesta básica possui uma variação positiva de 26,13%. Dentre os produtos, 11 possuem acumulados positivos, com altas que vão de 8,7% (banana nanica) até 132% (tomate). Os únicos quatro produtos com acumulados negativos são o açúcar (-0,69%), o café (-6,2%), a carne (-0,2%) e a laranja (-4,2%).

A variação dos valores da cesta básica, que mostra a diferença entre o menor e o maior valor encontrado, depois de três meses de queda, teve alta considerável em abril, passando de 54,65% em março para 71,19% em abril. A cesta mais barata encontrada pela pesquisa saía por R$ 695,10, enquanto que a mais cara saía por R$ 1.189,91, mostrando uma discrepância grande entre os supermercados da cidade.

“Quando se nota uma diferença de preços muito grande entre um supermercado e outro, a única forma é pesquisar e buscar por promoções, mas é importante notar que a qualidade do produto influencia muito no preço”, aconselha o economista. De acordo com a pesquisa, o salário mínimo ideal para uma família de quatro pessoas viver, sendo dois adultos e duas crianças, é de R$ 2.624,99, o maior já atingido, afirma Patrícia.

Desoneração


A desoneração anunciada pelo governo no início de março para alguns produtos da cesta básica até o momento não teve nenhum resultado para o consumidor. De acordo com o economista Hipólito Martins Filho, a razão disso está diretamente ligada à forma com que estes tributos são repassados. “É uma cadeia de tributos. A desoneração foca apenas em um, mas tem todos os outros que não fazem a redução, tornando assim difícil uma queda nos preços para os consumidores”, afirma.

Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), uma das explicações para a demora no repasse está na indústria e nos fornecedores. De acordo com a Associação, os supermercados só poderão repassar a desoneração dos produtos para seus consumidores quando os fornecedores e a indústria reduzirem seus preços.


Veículo: Diário da Região - São José do Rio Preto/SP


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