Valor da saca foi fixado em R$ 307; Faemg pleiteava R$ 337.
Após sucessivas pressões de entidades do setor rural, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, finalmente, divulgou o resultado do voto agrícola em relação ao preço mínimo do café, decidido em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) da semana passada. Assim, o preço mínimo do café arábica passou de R$ 261,69 para R$ 307 a saca de 60 kg, reajuste de 17,3%. Esse valor passa a valer para a safra que está sendo colhida. No entanto, a media não agradou as entidades rurais que defendem os interesses dos cafeicultores, que pleiteavam R$ 337/saca.
De acordo com nota do Mapa, "a elevação do preço mínimo do café foi resultado do esforço do governo de encontrar um denominador comum capaz de atender as expectativas do setor cafeeiro e ao mesmo tempo manter o equilíbrio macroeconômico".
O valor de garantia anunciado ontem pelo Mapa ficou abaixo do valor pleiteado para pôr fim à crise do café, que já assola o setor. que o pleito do setor produtivo era de pelo menos R$ 336, média nacional de custo de produção da saca, segundo cálculo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal do próprio governo federal.
Em nota, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, e o presidente das comissões de Café da entidade e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, lamentaram a decisão do governo.
Mais uma vez, essa decisão demonstra insensibilidade do governo com a gravidade e urgência do problema da cafeicultura do país, ressaltou Simões logo após o anúncio. "Rasgaram o cálculo de custo de produção da Conab e não levaram em consideração o trabalho elaborado pela CNA/Universidade Federal de Lavras (Ufla). A pergunta é: de onde surgiu esse preço? O que o Ministério da Fazenda levou em consideração para criar esse marco de 307 reais?", lamentou Simões.
Apoio - Em comunicado, o Mapa enfatizou que a medida "faz parte da política de apoio governamental ao setor cafeeiro, além do novo preço mínimo do café arábica, o CMN aprovou, no início deste ano, voto proposto pelo Ministério da Agricultura com a reprogramação dos vencimentos de estocagem do grão, alongando para 12 parcelas a partir de 31 de maio deste ano".
"Uma única palavra: decepção", ressaltau Breno Mesquista. Segundo ele, apesar de todo o trabalho e empenho, fica nítido para o setor o desinteresse do governo federal com um problema que não é apenas do produtor do café, "mas é do prefeito, do governador, do presidente e de todo o povo brasileiro, pela importância da cafeicultura para a geração de emprego e renda, e o impacto negativo gerado na economia de milhares de municípios". Mesquita observou que o impacto econômico da crise do café afetará mais de 8 milhões de brasileiros que dependem de alguma forma da atividade.
O setor, liderado pela Faemg, promoveu intensa campanha no Estado pela elevação do preço mínimo do café. O valor de garantia de R$ 261 não era revisto desde 2009. Nas últimas semanas, Roberto Simões esteve reunido com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, com o governador Antonio Anastasia, e com a senadora e presidente da CNA, Kátia Abreu, pedindo apoio à reivindicação.
A Faemg promoveu mobilização junto aos produtores, sindicatos, cooperativas e lideranças regionais da cafeicultura em todo o Estado, que enviaram centenas de e-mails, telegramas e telefonemas ao Ministério da Agricultura pela aprovação do valor mínimo de R$ 337,00.
Mas, conforme Simões, mesmo com o anúncio do Mapa, a mobilização dos cafeicultores mineiros deve continuar. "O preço mínimo aprovado, de R$ 307, não será suficiente para pôr fim à crise do café. Temos a obrigação de reunir todo o setor e definirmos a estratégia para continuar buscando as políticas de mercado que seriam a seqüência lógica do processo: opções de compra e Pepro", enfatizou.
Veículo: Diário do Comércio - MG