Preço dos alimentos subiu dez vezes mais que a inflação do mesmo período
O custo da cesta básica em Belém registrou nova alta no mês de abril. Esta foi a quarta expansão consecutiva do ano, e, de acordo com especialistas em economia, a tendência é que o preço da alimentação na capital paraense aumente ainda mais. O aumento do preço da cesta básica, no mês passado, bateu a casa dos 5,25% em relação a março, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). O percentual é dez vezes o índice de inflação do período, que fechou abril em 0,50%. O balanço nacional do Dieese-PA aponta ainda que, das 18 capitais pesquisadas, apenas seis apresentaram recuo no custo da alimentação. Hoje, para abastecer a dispensa apenas com os itens essenciais, o paraense precisa desembolsar R$ 307,18 - quantia que representa 45% de um salário mínimo (R$ 678) -.
Entre os produtos que registraram as maiores altas estão: o tomate (18,55%), a banana (12,42%), o feijão (8,02%), o leite (2,55%) e a tradicional farinha de mandioca (1,89%). Por outro lado, o óleo de cozinha (-1,35%), a carne bovina (-1,30%) e o arroz (-1,26%) apresentaram recuo de preços. Com estes preços, o Dieese-PA simulou o custo da cesta básica para uma família paraense composta de dois adultos e duas crianças: R$ 921,54 é a quantia da qual a família precisa dispor, ou seja, 1,4 salário mínimo.
INFLAÇÃO
Ao passo que a inflação computada nos quatro primeiros meses do ano não ultrapassou a casa dos 3%, a cesta básica, no mesmo período, bateu a margem dos 13% em termos de elevação de preços. O tomate é o campeãodo alto custo no Pará, com alta acumulada de 52,32% entre janeiro e abril deste ano, quando a safra nos estados exportadores foi prejudicada pelo clima. Já a farinha de mandioca, tradicional alimento da mesa paraense teve a segunda maior elevação de preço do período, com expansão de 35,79%. A banana (28,37%), o leite (7,25%) e o feijão (6,36%), completam a lista dos cinco itens de maior carestia na alimentação básica da capital do Pará.
Reduzir o consumo de alguns produtos e substituir outros pode ser uma saída, segundo aponta o presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), Rosivaldo Batista. “Aqueles produtos que dependem de safra devem, ainda que temporariamente, ser suspensos ou substituídos da mesa do paraense. Quando a entressafra acabar, eles (os alimentos) voltam a compor as refeições”, propõe. Batista cita o caso do açaí, que já começa a ter redução nos preços. “É natural que, em alguns períodos do ano, em virtude da sazonalidade, determinados produtos do campo se tornem escassos. Entretanto, este não é o caso da farinha, que depende de fatores de produção. Nos demais casos, a solução é esperar a safra”, pontua. Na avaliação do presidente do Corecon-PA, os preços devem subir ainda mais no próximo mês. “Queda, realmente, (no valor dos itens) só vamos perceber a partir do segundo semestre”, avalia.
Enquanto isso, a dona de casa Jocielma Costa, de 38 anos, vai continuar comprando o tomate, a banana e a farinha, mesmo com a alta de preços. “Está tudo muito caro, porém, não tem como deixar de levar nenhum destes itens que sofreram aumento. O que tenho feito é reduzido a quantidade”, comenta.
A vendedora Graça Nascimento, que atua há mais de cinco décadas no mercado do Ver-o-Peso, diz que houve uma redução drástica nas vendas de tomate, bem como dos demais produtos que subiram de preço. “Agora é que está melhorando a procura por estes itens. O consumidor, às vezes, demora a se acostumar com os novos preços”, avalia. Da mesma forma pensa a comerciante Francinete Soares, de 50 anos, que também é dona de uma barraca no Ver-o-Peso. “Na Ceasa o preço só aumenta. Por isso, o jeito é repassar para o freguês”, justifica.
Veículo: O Liberal - PA