No 1º quadrimestre, cotação nas principais regiões produtoras mineiras aumentou 98%.
A redução da área destinada ao cultivo da batata em Minas Gerais promoveu um recuo considerável da oferta do produto e, conseqüentemente, alavancou os preços no mercado. No acumulado do primeiro quadrimestre o preço recebido pelo produtor, na média das duas principais regiões produtoras, Sul e Triângulo mineiro, aumentou 98%. A tendência é de preços ainda mais altos ao longo dos próximos meses.
De acordo com analista de Agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Aline de Freitas Veloso, a queda na produção está diretamente ligada à crise vivenciada pelos produtores nos últimos três anos. Além de perdas promovidas pelas variações climáticas, no período também foi registrada queda de preços e aumento dos custos de produção, o que desestimulou os investimentos.
"Durante os três últimos anos os produtores de batata de Minas Gerais acumularam perdas significativas, muitos pararam de investir na cultura e os que ficaram reduziram a área de plantio. Com o posicionamento, a oferta está bem menor e os preços mais altos. O período agora é de recuperação da renda", disse Aline.
Com a menor oferta, os preços pagos pela saca de 50 quilos de batata foram alavancados na média das regiões do Triângulo e do Sul de Minas Gerais. De acordo com dados da Faemg, a saca em abril foi negociada em torno de R$ 82, valor que supera em 98% os preços praticados em janeiro de 2013, quando o mesmo volume era vendido a R$ 41,35.
A alta registrada nos preços é considerada atípica, uma vez que estamos na época de colheita. Porém, com a redução da oferta e a demanda aquecida os preços valorizaram. Ainda segundo dados da Faemg, somente no Triângulo mineiro foi registrada uma redução de 25% da produção. Além da redução da área, o clima não foi favorável para o desenvolvimento da safra. Grande parte da produção teve a qualidade comprometida pelas chuvas e pela infestação de doenças.
A estimativa para o Sul de Minas Gerais mostra uma queda na produtividade de 10% e de 30% na área destinada ao cultivo.
De acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a produtividade em Minas também está em queda, o que ajuda a manter os preços firmes no Estado. Apesar da intensificação de colheita no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba, os preços da batata devem continuar elevados.
"O momento é favorável para o produtor que deve investir na seleção da batata para conseguir preços elevados, já que parte foi comprometida pela falta de qualidade. A tendência é que os preços se mantenham firmes até julho", disse Aline.
Um dos grandes desafios para os produtores de batata é agregar valor à produção. Segundo o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Joaquim Gonçalves de Pádua, as entidades de pesquisas estão investindo em tecnologias para ampliar a produtividade e a resistência do produto.
"A Epamig está desenvolvendo constantemente pesquisas que visam a melhor adaptação da batata nas principais regiões produtoras do Estado. As cultivares são desenvolvidas para serem mais resistentes às variações climáticas, às doenças e também pensando na utilização na culinária, seja para fritura ou cozimento, e até mesmo para a industria, que tem ampliado a produção de batata palha. Toda esta tecnologia pode ser utilizada pelos produtores para reduzir as perdas e diversificar a atuação no mercado", disse Pádua.
Veículo: Diário do Comércio - MG