A cada mês, o seu vilão. Depois do tomate ser apontado como o principal responsável pela inflação – e virar símbolo do protesto das donas de casa –, chegou a vez dos medicamentos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,55% em abril, conforme divulgado ontem pelo IBGE. Veio acima da expectativa do mercado, mas voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo.
A surpresa ficou por conta do item "Saúde e cuidados pessoais" da pesquisa, com o aumento nos preços dos remédios liderando a lista dos principais impactos no IPCA do mês. Um efeito colateral negativo.
Já o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou deflação de 0,06% em abril.
IPCA fica abaixo do teto
A inflação ao consumidor brasileiro acelerou em abril e veio acima da expectativa do mercado, impulsionada pela alta dos preços de medicamentos e de alimentos, mas voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,55% em abril, após alta de 0,47% em março, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o indicador ficou em 6,49%, ante 6,59% de março, abaixo do teto da meta de 6,5%. Segundo o IBGE, o principal responsável pelo resultado de abril foi o grupo Saúde e cuidados pessoais, que subiu 1,28% em abril, depois de ter registrado alta de 0,32% em março. Sozinho, o grupo respondeu por 0,14 ponto porcentual do IPCA todo do mês passado. Segundo o IBGE, isoladamente, os preços dos remédios registraram avanço mensal de 2,99%, liderando a lista dos principais impactos no IPCA do mês, com 0,10 ponto porcentual. No início de abril, o governo autorizou aumento de até 6,31% nos preços dos remédios comercializados no País.
O grupo Despesas pessoais também mostrou aceleração na comparação mensal, fechando abril com 0,61%, ante 0,54% em março, bem como o grupo Habitação, com alta de 0,62% no mês passado, ante 0,51%. O grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, mostrou desaceleração para alta de 0,96% no mês passado, ante 1,14% em março. "Mesmo desacelerando de um mês para o outro, os alimentos se mantiveram em nível bastante forte e foram responsáveis por quase a metade do índice da inflação do mês (0,24 ponto porcentual)", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
Cesta básica – A desoneração da cesta básica promovida pelo governo federal em março teve efeito sobre a inflação de abril, segundo a coordenadora. "Teve impacto, mas a gente não tem como contabilizar quanto. A variável de preço de um item não depende só do imposto. Outros fatores têm influência, como a demanda e a questão da safra", afirmou.
Entre os destaques de quedas de itens incluídos na lista de desonerações estão o açúcar refinado (menos 4,50%), o açúcar cristal (queda de 3,41%), o óleo de soja (menos 2,87%) e o frango inteiro (queda de 1,92%).
Os produtos in natura, que puxaram a inflação em meses anteriores, continuam em alta, embora já não influenciem tanto o índice. O preço do tomate subiu 7,39%, ante variação de 6,14%. Em 12 meses, o tomate registra alta de 149,69%.
"Alimentação continua com pressão muito forte. A demora da queda dos preços no atacado de chegar ao varejo sustenta que há pressões de demanda contribuindo para manter os preços acima do que deveriam", avalia o economista da Tendências Sílvio Campos Neto. A expectativa dos analistas é que esse setor continue a mostrar preços menores no varejo em maio, como reflexo da deflação já vista no atacado.
Embora o índice de dispersão do IPCA tenha desacelerado de 69% em março para 66% em abril, ainda é considerado um nível elevado e insuficiente para garantir alívio ao governo em seus esforços para controlar os preços. A inflação elevada tem tirado o sono do governo porque ocorre num momento de fraca recuperação econômica, mas que obrigou o Banco Central a iniciar ciclo de aperto monetário.
IGP-DI registra deflação
O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,06% em abril, após alta de 0,31% em março, em meio à queda dos preços no atacado e à desaceleração no varejo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice acumula em 12 meses alta de 6,83%, ante 7,97% nos 12 meses até março. Em meio a preocupações com a inflação, mas mantendo o tom de cautela, o Banco Central elevou a Selic em abril em 0,25 ponto porcentual, para 7,5%.
Os números captados pela no IGP-DI de abril mostram tendência de desaceleração para o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O efeito deve ser sentido já no IPCA de maio, segundo o economista do Ibre/FGV André Braz. "Estamos migrando para um período de inflação mais baixa e menos espalhada", disse.
Atacado – O IGP-DI capta preços no atacado que ainda vão chegar ao consumidor. A principal contribuição para a queda deverá vir de Alimentos.
Em abril, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) registrou deflação de 0,39%, após apresentar alta em março de 0,12%. O índice calcula as variações de preços de bens agropecuários e industriais nas transações em nível de produtor e responde por 60% do IGP-DI. Entre a origem dos produtos, os agropecuários registraram queda de 2,69%, ante recuo de 0,72% em março.
Já os industriais tiveram avanço de 0,51%, ante alta de 0,46% no mês anterior.
Varejo – Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), registrou alta de 0,52%, desacelerando ante o avanço de 0,72% em março. O índice mede a evolução dos preços às famílias com renda entre um e 30 salários mínimos mensais e corresponde a 30% do IGP-DI.
Cinco das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação.
Alimentação – A principal contribuição para este movimento foi do grupo Alimentação, com alta de 0,95% em abril após avanço de 1,31% no mês anterior.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) avançou 0,74% em abril, após alta de 0,50% em março. Esse índice da construção representa 10% do IGP-DI.
O item Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,50%, ante 0,48% em março. O índice que representa o custo da Mão de Obra variou 0,95%, acima do 0,52% de março.
O IGP-DI é um índice usado como referência para correções de preços e valores contratuais, sendo o indexador das dívidas dos estados com a União.
Veículo: Diário do Comércio - SP