A vez dos remédios

Leia em 5min 40s

A cada mês, o seu vilão. Depois do tomate ser apontado como o principal responsável pela inflação – e virar símbolo do protesto das donas de casa –, chegou a vez dos medicamentos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,55% em abril, conforme divulgado ontem pelo IBGE. Veio acima da expectativa do mercado, mas voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo.
 
A surpresa ficou por conta do item "Saúde e cuidados pessoais" da pesquisa, com o aumento nos preços dos remédios liderando a lista dos principais impactos no IPCA do mês. Um efeito colateral negativo.
 
Já o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou deflação de 0,06% em abril.
 
IPCA fica abaixo do teto

 
A inflação ao consumidor brasileiro acelerou em abril e veio acima da expectativa do mercado, impulsionada pela alta dos preços de medicamentos e de alimentos, mas voltou a ficar ligeiramente abaixo do teto da meta do governo.
 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,55% em abril, após alta de 0,47% em março, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses, o indicador ficou em 6,49%, ante 6,59% de março, abaixo do teto da meta de 6,5%. Segundo o IBGE, o principal responsável pelo resultado de abril foi o grupo Saúde e cuidados pessoais, que subiu 1,28% em abril, depois de ter registrado alta de 0,32% em março. Sozinho, o grupo respondeu por 0,14 ponto porcentual do IPCA todo do mês passado. Segundo o IBGE, isoladamente, os preços dos remédios registraram avanço mensal de 2,99%, liderando a lista dos principais impactos no IPCA do mês, com 0,10 ponto porcentual. No início de abril, o governo autorizou aumento de até 6,31% nos preços dos remédios comercializados no País.
 
O grupo Despesas pessoais também mostrou aceleração na comparação mensal, fechando abril com 0,61%, ante 0,54% em março, bem como o grupo Habitação, com alta de 0,62% no mês passado, ante 0,51%. O grupo Alimentação e bebidas, por sua vez, mostrou desaceleração para alta de 0,96% no mês passado, ante 1,14% em março. "Mesmo desacelerando de um mês para o outro, os alimentos se mantiveram em nível bastante forte e foram responsáveis por quase a metade do índice da inflação do mês (0,24 ponto porcentual)", disse a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
 
Cesta básica – A desoneração da cesta básica promovida pelo governo federal em março teve efeito sobre a inflação de abril, segundo a coordenadora. "Teve impacto, mas a gente não tem como contabilizar quanto. A variável de preço de um item não depende só do imposto. Outros fatores têm influência, como a demanda e a questão da safra", afirmou.
 
Entre os destaques de quedas de itens incluídos na lista de desonerações estão o açúcar refinado (menos 4,50%), o açúcar cristal (queda de 3,41%), o óleo de soja (menos 2,87%) e o frango inteiro (queda de 1,92%).
 
Os produtos in natura, que puxaram a inflação em meses anteriores, continuam em alta, embora já não influenciem tanto o índice. O preço do tomate subiu 7,39%, ante variação de 6,14%. Em 12 meses, o tomate registra alta de 149,69%.
 
"Alimentação continua com pressão muito forte. A demora da queda dos preços no atacado de chegar ao varejo sustenta que há pressões de demanda contribuindo para manter os preços acima do que deveriam", avalia o economista da Tendências Sílvio Campos Neto. A expectativa dos analistas é que esse setor continue a mostrar preços menores no varejo em maio, como reflexo da deflação já vista no atacado.
 
Embora o índice de dispersão do IPCA tenha desacelerado de 69% em março para 66% em abril, ainda é considerado um nível elevado e insuficiente para garantir alívio ao governo em seus esforços para controlar os preços. A inflação elevada tem tirado o sono do governo porque ocorre num momento de fraca recuperação econômica, mas que obrigou o Banco Central a iniciar ciclo de aperto monetário.
 
IGP-DI registra deflação
 
O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,06% em abril, após alta de 0,31% em março, em meio à queda dos preços no atacado e à desaceleração no varejo, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice acumula em 12 meses alta de 6,83%, ante 7,97% nos 12 meses até março. Em meio a preocupações com a inflação, mas mantendo o tom de cautela, o Banco Central elevou a Selic em abril em 0,25 ponto porcentual, para 7,5%.
 
Os números captados pela no IGP-DI de abril mostram tendência de desaceleração para o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O efeito deve ser sentido já no IPCA de maio, segundo o economista do Ibre/FGV André Braz. "Estamos migrando para um período de inflação mais baixa e menos espalhada", disse.
 
Atacado – O IGP-DI capta preços no atacado que ainda vão chegar ao consumidor. A principal contribuição para a queda deverá vir de Alimentos.
 
Em abril, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI) registrou deflação de 0,39%, após apresentar alta em março de 0,12%. O índice calcula as variações de preços de bens agropecuários e industriais nas transações em nível de produtor e responde por 60% do IGP-DI. Entre a origem dos produtos, os agropecuários registraram queda de 2,69%, ante recuo de 0,72% em março.
 
Já os industriais tiveram avanço de 0,51%, ante alta de 0,46% no mês anterior.
 
Varejo – Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), registrou alta de 0,52%, desacelerando ante o avanço de 0,72% em março. O índice mede a evolução dos preços às famílias com renda entre um e 30 salários mínimos mensais e corresponde a 30% do IGP-DI.
 
Cinco das oito classes de despesa componentes do índice apresentaram decréscimo em suas taxas de variação.
 
Alimentação – A principal contribuição para este movimento foi do grupo Alimentação, com alta de 0,95% em abril após avanço de 1,31% no mês anterior.
 
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) avançou 0,74% em abril, após alta de 0,50% em março. Esse  índice da construção representa 10% do IGP-DI.
 
O item Materiais, Equipamentos e Serviços registrou variação de 0,50%, ante 0,48% em março. O índice que representa o custo da Mão de Obra variou 0,95%, acima do 0,52% de março.
 
O IGP-DI é um índice usado como referência para correções de preços e valores contratuais, sendo o indexador das dívidas dos estados com a União.



Veículo: Diário do Comércio - SP


Veja também

Oferta menor de batata eleva preço

No 1º quadrimestre, cotação nas principais regiões produtoras mineiras aumentou 98%.A redu&cce...

Veja mais
Mundo Verde aposta em marca própria

Para levar o projeto adiante, fez uma revisão de todo o mix, que hoje alcança a marca de 600 itens.O lan&c...

Veja mais
Varejo contratou mais temporários

Estimativa é de que tenham sido geradas cerca de 3.613 vagas em MG; no país, número salta para 31,5...

Veja mais
Piracanjuba apresenta bebida láctea Zero Lactose Sabor Chocolate na APAS 2013

Bebida láctea Zero Lactose Sabor Chocolate é a novidade da empresa no maior evento supermercadista no mund...

Veja mais
Representantes do setor e especialistas discutem a confiança do brasileiro no varejo durante a APAS 2013

Participantes apresentaram pesquisa realizada pela Nielsen que destacou atitudes do consumidor, fator de escolha na hora...

Veja mais
Potencial da marca própria pode ajudar a logística reversa

O impulso de compra de produtos com marcas próprias - geralmente bem mais baratos do que os de marcas famosas - d...

Veja mais
Cidade do interior de SP recebe rede de produtores orgânicos

O município de Piracaia, a 85 km de SP, tem natureza rica e nascentes protegidas de especulação imo...

Veja mais
Epoch, do Japão, abre filial no país

A fabricante japonesa de brinquedos Epoch acaba de assumir a importação e a distribuição de ...

Veja mais
Empresas de logística seguem otimistas em meio aos gargalos

As empresas do setor de logística de todos os modais estão otimistas, mesmo em meio aos gargalos vistos no...

Veja mais