Inflação em alta reduz compra de alimentos

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O consumidor que vai às compras já percebeu que os preços dos alimentos estão pesando cada vez mais no bolso. Enquanto a inflação acumula alta de 6,18%, em 12 meses, os alimentos estão custando 12,2% mais no mesmo período, conforme estudo da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), que mede o indicador de custo de vida por classe social.

Diante da alta, a alternativa de muitos consumidores foi reduzir as compras do mês ou mesmo trocar produtos de marcas mais caras por opções mais baratas. Segundo dados do instituto de pesquisas Kantar Worldpanel, as classes D e E são as mais afetadas e já diminuíram em cerca de 11% as aquisições em mercados. Entre os alimentos que saíram do carrinho de compras estão o café, o pãozinho e o leite.

Não é para menos. Pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) mostra que o tradicional pãozinho teve alta de 91,17% nos últimos dez anos na região. O leite também segue a mesma tendência e só na última semana de abril teve elevação de 1,83%. "Está tudo mais caro, principalmente o leite", destaca a aposentada Elvira Bianchini.

A situação só não é pior devido à desoneração de produtos da cesta básica anunciada pela presidente Dilma Roussef em março.

Para a coordenadora do curso de Economia da Fundação Santo André, Verenice Pavan Abdulmacih, o perfil do consumidor mudou. "Hoje, se compra aquilo que precisa, as pessoas não fazem estoques e, embora essa inflação seja alta, para quem já conviveu com índices maiores, não sente tanto", declara. De fato, no início da década de 1990 era comum a inflação bater a casa dos 80% ao mês - 12 vezes mais do que a inflação anual de hoje.

ALTERNATIVAS - Como nem sempre é possível deixar de consumir alguns produtos, consumidores da região estão pesquisando mais e buscando itens semelhantes e mais baratos para garantir a alimentação da família. "Em uma compra ou outra, até deixo de levar, mas quando não tem mais jeito, busco marcas mais em conta", ensina a empregada doméstica Maria Santos.

A estratégia da professora Celiane Maschir Delboni é ir às compras sozinha. "Prefiro não trazer minha filha mais nova, que tem 2 anos. Estou comprando menos e até optando por marcas mais baratas", diz.

A professora Sueli Longo, do curso de Nutrição da Universidade Metodista de São Paulo, alerta que os consumidores devem ter cuidado ao substituir itens na alimentação. Feijão e leite, apesar de caros, têm composição nutricional importante.

MAIS REAJUSTES - Para o assessor econômico da Fecomercio-SP, Fábio Pina, não há perspectiva de mudança no quadro de alta dos alimentos. "Muitos preços estão subindo e nos próximos meses a perspectiva é de que a inflação continue alta, acima do teto da média. O que é pior para classes mais baixas."



Veículo: Diário do Grande ABC


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