Promessa de nova supersafra dá otimismo a fornecedores

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Após uma colheita estimada em 185 milhões de toneladas de grãos na safra 2012/2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os produtores acreditam em mais uma supersafra para o próximo período, acima dos 200 milhões de toneladas, podendo chegar a 220 milhões de toneladas, de acordo com fontes do setor consultadas pelo DCI.

Apenas a produção de grãos de Mato Grosso (MT) deve crescer entre 10% e 15% com relação à safra 2012/2013, acompanhado de um aumento de área de 5% a 8%, segundo o deputado estadual Zeca Viana. O parlamentar, que também produz soja em Primavera do Leste, estenderá sua área plantada com o grão em 40%, prevendo um aumento de até 13% no volume produzido. Já o milhocultor Henrique Perez de Souza, de Ipuiuna, em Minas Gerais (MG), acredita que sua produtividade deva aumentar na próxima safra entre 5% e 23%, dos atuais 170 sacas por hectare para até 210 sacas por hectare.

O resultado do último período já tem garantido uma alta capitalização, que pode se repetir na próxima safra. O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da área de grãos, Lucílio Alves, acha "cedo" apostar em uma redução de investimentos caso os preços internacionais caiam. Após um mês de abril com quedas acentuadas nas cotações de milho e variações negativas nos preços da soja, as cotações de maio têm recuperado os patamares anteriores. Para o pesquisador, ainda que os preços na próxima safra não sejam tão favoráveis, "o retorno ainda é positivo".

A perspectiva de crescimento da produção, unida à capitalização dos agricultores por conta do aumento da produtividade do campo e dos altos preços das commodities, já está criando otimismo em toda a cadeia do agronegócio e tem impulsionado investimentos inclusive dos fornecedores de máquinas e de fertilizantes. Tanto que um dos destaques da 20ª edição da Agrishow, neste ano foi o anúncio de aberturas de novas fábricas e de criação de centros de pesquisa e desenvolvimento.

É o caso da John Deere, que já investiu US$ 2 bilhões nos últimos anos em fábricas, produtos e aquisições, segundo o presidente da John Deere Brasil, Paulo Hermann. Para acompanhar o ritmo de expansão do agronegócio, a fabricante de máquinas agrícolas anunciou, durante a Agrishow, a criação de um centro de inovação na América Latina para adaptar tecnologias de fora do Brasil ao nosso clima tropical. Hermann explicou que o objetivo é superar a falta de extensão do conhecimento acadêmico para o campo por meio de associações com instituições de pesquisa. O centro só receberá recursos em 2014, ainda não definidos.

Segundo o executivo, o desenvolvimento de tecnologias agrícolas já tem colocado o Brasil "no mesmo ritmo dos países desenvolvidos" em termos de produtividade. A empresa também criou uma rede de fomento à inovação em conjunto com a Syngenta que prevê investimentos de R$ 500 mil por ano, nos próximos cinco anos, para turbinar a transferência de tecnologia que está nas mãos da Embrapa.

A promessa de crescimento do agronegócio faz a New Holland, por sua vez, vislumbrar para este ano um aumento acima de 10% no faturamento no País. A meta de crescimento da montadora é superior ao avanço registrado no ano passado, de 7%, quando a empresa faturou US$ 850 milhões. Segundo o vice-presidente da New Holland para a América Latina, Alessandro Maritano, a perspectiva é baseada tanto no lançamento de novas máquinas no Brasil como pelo fato "do mercado nacional estar crescendo sozinho", a ponto de ter representado 77% do faturamento da companhia em toda a América Latina em 2012.

Maritano não detalhou o volume de investimentos feitos na aquisição de novas unidades fabris no ano passado, mas indicou que, "para investir em uma fábrica para atender a demanda, não pode investir menos do que US$ 150 milhões". Atualmente, as quatro plantas da New Holland trabalham em apenas um turno, mas o executivo afirmou que a demanda já permitiria turnos dobrados caso não houvesse falta de fornecedores nacionais de peças para cumprir com o índice nacional mínimo em máquinas.

Ele ressaltou que, além da capitalização dos produtores, o governo também está dando incentivo para a compra de equipamentos novos, o que já permite que agricultores de pequeno porte adquiram máquinas com mais tecnologia.

Outra companhia que está apostando no crescimento do agronegócio é a SDLG, que fornece tratores com menos tecnologia embarcada que seus concorrentes. Sua aposta foi equivalente a R$ 10 milhões, desembolsados para a construção de uma nova planta em Pederneiras (SP), onde produzirão quatro novos modelos de escavadeiras a partir de setembro. Segundo o diretor de negócios da SDLG na América Latina, Enrique Ramirez, será a primeira da empresa fora da China e terá capacidade produtiva inicial de mil escavadeiras por ano.



Veículo: DCI


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