As vendas para o Dia das Mães deste ano ficaram acima dos níveis registrados no ano passado. Segundo varejistas consultados pelo DCI, o movimento observado antes da data comemorativa foi na contramão da tendência verificada desde o começo do ano, de desaquecimento do consumo.

A sócia da loja de semijoias Rosa Valverde, Mara Valverde, conta que "o que ajudou foi o Dia das Mães. A gente brinca que até agora o ano não tinha começado". A rede de franquias registrou um aumento de 7% no valor movimentado em vendas entre 1 e 12 de maio, na comparação com o mesmo período do ano passado.

As 110 franqueadas da Hope faturaram 27% a mais até a metade de sábado, em comparação a 2012. Apesar do crescimento alto, a gerente de operações da rede de franquia, Elisa Scabbia, afirma que, sem as ações promocionais que a empresa criou, as vendas estariam estagnadas. "Infelizmente, estamos vendendo em cima de promoção. Se não colocarmos um atrativo nas vitrines, a venda fica muito menor", diz. A loja de cosméticos e produtos de beleza Empório Body Store também observou um movimento para o Dia das Mães acima da tendência das vendas ao longo deste ano. Segundo Gresiela Nardim, sócia administrativa da unidade do ParkShopping São Caetano, no ABC Paulista, houve, na comparação com 2012, um avanço de 15% no valor das vendas no período.

A empresária afirma que, apesar da demanda maior, seus estoques estavam abastecidos, com 1% a mais de mercadorias em comparação ao mesmo período do ano passado. O único produto que está com baixa reserva é a loção hidratante Lolita Serum. "Esse não damos conta de vender, na semana que vem, teremos que recorrer à fabrica."

Mesmo com estoque reduzido na data, algumas redes varejistas até contratam temporariamente funcionários para atender a alta demanda proporcionada pelas vendas de Dia das Mães, como a Empório Body Store. "Nós contratamos freelancers, tanto para as funções de caixa como para a venda", diz Gresiela. Na sexta, as vendas da loja foram 13% acima do esperado e, no sábado, 45% acima das expectativas.

A empresária aponta que o feriado deste ano deve gerar mais lucro do que o de 2012. A expectativa é de que o crescimento no mês de maio seja de 10%. "Acredito que do dia 1 ao 7 de maio tivemos um crescimento grande, 25% maior que 2012".

Compras na véspera

Gresiela ainda argumenta que no Dia das Mães propriamente as vendas são bem menores. "No Dia das Mães o movimento já cai bastante. Geralmente, os clientes só procuram presentes menores ou lembrancinhas", afirmou ela ao DCI.

Ela concorda que a véspera do Dia das Mães, segunda data mais importante do ano para o varejo, ficando atrás somente do Natal, é o período mais movimentado de vendas para a ocasião. Só no estado de São Paulo, cerca de 60% dos presentes são comprados na semana que antecede a data, entre segunda-feira e sábado, de acordo com a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDLESP).

O presidente da entidade, Mauricio Stainoff, afirma que as vendas do domingo costumam se resumir a itens menores. "Nesse período, entre sábado e ontem, os presentes mais vendidos são aqueles com valor menor e também que o consumidor consegue transportar." Ele argumenta que eletrodomésticos têm bastante saída nessa época do ano, mas a venda é menor na véspera da celebração. "Esses produtos costumam ser entregues nas casas, então as pessoas geralmente fazem a compra com antecedência."

O setor de shopping centers também aguardava um movimento maior no final de semana do Dia das Mães.

Já segundo o superintendente do Shopping D, empreendimento da capital paulista, Wilson Pelizaro, o sábado foi um dia-chave para as vendas. "O movimento de sábado normalmente já é bem superior ao do restante da semana. Acreditamos que, neste sábado, tenha sido 20% maior do que o de um sábado convencional."

Na opinião do executivo, o público-alvo é um dos responsáveis pelo acréscimo nas vendas. "Nosso shopping atende muito a vizinhança, que durante a semana trabalha ou estuda. Quando chega o fim de semana, eles vêm em maior número.

Conforme o executivo, a projeção do Shopping D é um aumento de 10% nas vendas em relação ao feriado do ano passado. Ainda assim, Pelizaro acredita que o número poderia ser maior, não fosse o atual quadro econômico. "Acredito que ficaremos em 10% porque o varejo deu uma recuada. O mês de abril não foi muito bom, se manteve praticamente igual ao do ano passado. Mas creio que atingiremos esse índice, principalmente por causa de nossa ação promocional."

Na campanha de Dia das Mães, a cada R$ 300 em compras mais uma doação de R$ 5, destinados a uma entidade beneficente, o cliente pode retirar um conjunto composto por uma frigideira e uma espátula Tramontina.

Também na capital paulista, no Shopping Ibirapuera o cálculo é de que aproximadamente 250 mil pessoas tenham frequentado o estabelecimento no final de semana. O gerente de marketing do shopping, Ricardo Portela, afirma que as causas do aumento de consumidores variam de acordo com o dia. "Na sexta-feira e no sábado, as lojas ficam muito cheias. No domingo, os restaurantes costumam ter maior movimento."

Motivo

Segundo o presidente da FCDLESP, Mauricio Stainoff, a posição do Dia das Mães no calendário contribui para o aumento das vendas na véspera. "O que pode explicar um movimento maior é o fato de que a grande massa de salários foi paga nesta última semana. Isso leva o consumidor a comprar no final de semana." A projeção da FCDLESP é de que as vendas cresçam 7% no estado de São Paulo por causa da data, em relação ao ano passado.

No entanto, alguns analistas creditam o aumento das vendas na véspera ao perfil dos compradores. Para o coordenador da pós-graduação da Escola Superior de Marketing e Propaganda no Rio de Janeiro (ESPM-RJ), Eduardo França, o crescimento ocorre por uma falta de planejamento característica do consumidor brasileiro. "É muito mais questão do consumidor ir até os pontos de venda e decidir ali o que vai comprar e como vai pagar. Não ocorre mudança por ser data comemorativa apenas, mas também porque a data atrai mais compradores", afirmou ele.



Veículo: DCI