Definida a estrutura do Porto do Pecém para receber, entre os dias 6 e 10 de junho próximo, as 30 mil toneladas de milho doadas pelo governo Federal para o Ceará, o governo do Estado inicia agora, o planejamento logístico para a venda e distribuição do grão, para os criadores no Interior cearense. Após o descarregamento e consequente armazenamento do produto em três silos, sendo um de 10 mil m² e mais dois infláveis, de 3 mil m²/cada, o milho será ensacado no próprio terminal portuário e seguirá nos trens das linhas Norte e Sul da Ferrovia Transnordestina, para 20 estações ferroviárias.
Dessas estações, o milho será transferido para armazéns apontados pelas respectivas prefeituras municipais e daí prossegue, por via rodoviária, para os demais municípios criadores no Interior do Ceará. "Estamos querendo que as prefeituras nos ajudem (ao Estado) a pegar o milho nas estações ferroviárias e levar para os produtores em seus municípios", disse no fim da tarde de ontem, o secretário estadual de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, após visita, com representantes da Conab-CE, ao Porto do Pecém.
Etapas
Segundo o secretário, além dos silos, uma estrutura está sendo montada no porto para abrigar os técnicos da Ematerce e da Conab-CE, que irão conferir a quantidade, a qualidade do milho tipo 1, 2 e 3, a granel, próprio para consumo animal; e gerenciar o ensacamento e o carregamento dos caminhões.
"O governo (Federal) doou o milho e a SDA vai ceder as sacas", prometeu Martins, segundo quem, uma licitação está sendo feita para aquisição da sacaria. Ele não revelou o valor. De acordo com o superintendente da Conab-CE, Agenor Pereira, serão necessárias 500 mil sacas de 60 quilos, para envasar todo o produto destinado ao Ceará.
Apesar de ter sido doado pelo governo Federal para o Estado, o secretário informa que o milho será vendido aos pecuaristas, pelo mesmo preço que é comercializado pela Conab-CE, ou seja, por R$ 18,12, a saca de 60 quilos, para vendas de até 3.000 quilos, e por R$ 21,00, a saca, para o máximo de 6.000 quilos.
"O dinheiro (arrecadado) será para custear a distribuição e o armazenamento e o que sobrar será destinado à produção de forragem, nas áreas irrigadas do Dnocs", justificou Martins.
Pagamento antecipado
De acordo ainda com o secretário, o milho deverá começar a chegar para os criadores apenas na segunda quinzena de junho, mas os boletos para pagamento do produto estarão disponíveis, antecipadamente, nos escritórios da Ematerce, de acordo com a demanda de cada agropecuarista e município. O objetivo da antecipação, esclarece, é para que se conheça a demanda do volume de milho a ser enviado para cada cidade.
"Vamos enviar de acordo com a quantidade paga, para que o milho não fique parado nas estações, nos vagões da transportadora", explicou o secretário. Segundo ele, o Estado irá pagar R$ 3.500,00, por cada vagão, por um período de estocagem de até três dias, e mais R$ 600,00, por cada dia de acréscimo.
Conforme disse, os boletos devem ser pagos nos postos e agências do Banco do Brasil e o produto recebido nas próprias estações ferroviárias ou nos pontos de distribuição definidos pelas prefeituras municipais.
Faec
Para o presidente da Federação da Agricultura do Ceará (Faec), Flávio Saboya, a quantidade de milho que vem chegando ao Estado tem sido insuficiente para atender a demanda dos criadores, que é de 30 mil toneladas mensais. A Conab-CE confirma a defasagem e informa que em abril chegaram 13 mil toneladas, em maio chegam 17 mil, que somadas às 30 mil toneladas que virão em junho, totalizam apenas 60 mil toneladas.
Veículo: Diário do Nordeste