Tailândia ganha espaço no mercado global de açúcar

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Projeções do banco holandês Rabobank indicam que o Brasil continuará, pelo menos até 2020/21, sendo o maior exportador global de açúcar com 50% do comércio mundial, ante 46% do ciclo 2011/12. E o estudo confirma o fortalecimento da Tailândia como o mais importante concorrente do Brasil, com embarques que poderão representar 14% do total em uma década, ante 11% no último ciclo. Isso em um mercado cuja importação crescerá em quase 10 milhões de toneladas.

Essa "ambição" tailandesa deixa em alerta o segmento sucroalcooleiro no Brasil. Isso porque, diferentemente da Índia, cuja política de produção de açúcar é voltada ao consumo interno, a Tailândia tem planos claros de se tornar um "player" consistente.

A Tailândia tem a vantagem de já estar no continente que lidera o crescimento de demanda mundial por açúcar: a Ásia. Os asiáticos, cada vez mais ávidos por comida e bebida industrializada, tendem a representar 48% do consumo mundial da commodity em 2020/21, ante 45% em 2011/12. Assim, seguirão como os grandes responsáveis por mais da metade das importações globais de açúcar - 53%, de acordo com o Rabobank.

De olho nesses movimentos, a brasileira Copersucar, que no último ciclo superou a Cargill como maior trader mundial de açúcar, instalou uma subsidiária em Hong Kong, na China. A empresa quer ampliar de 10% para 20% sua participação no comércio do Sudeste Asiático (China, Indonésia, Coreia do Sul e Malásia), e para isso passará a comprar açúcar em usinas de Tailândia e Austrália. As outras multinacionais que operam com açúcar já estão presentes na originação na Ásia.

Com sua vantagem logística, incluindo fretes mais baixos, a Tailândia embarca para a Ásia 90% de suas exportações, sobretudo para Indonésia, Japão, Cambodja, República da Coreia e Malásia. Até 2021, o excedente exportável tailandês poderá atingir 10 milhões de toneladas, mais de duas vezes o volume de 2006/07. Mas ainda será um terço das 30 milhões de toneladas de excedente previstas pelo Rabobank para o Brasil em 2020/21.

Já neste ciclo 2012/13, a Tailândia trouxe sua contribuição "baixista" à commodity. A Organização Internacional do Açúcar revisou ontem de 8,5 milhões para 10 milhões de toneladas a previsão de superávit global no ciclo mundial que se encerra em 31 de agosto, graças à produção maior na Tailândia e no México.

A produção de açúcar da Tailândia cresceu expressivos 30% nas últimas três safras. Com foco no avanço da demanda asiática, a iniciativa privada vem implantando novas usinas no país. Apenas conforme as licenças concedidas pelo governo, o número de unidade de produção de açúcar deve aumentar de 46 para 61 até 2016. Se essa expansão for confirmada, a capacidade instalada para a produção da commodity deverá subir mais 30% - considerando o período entre 2012 e 2017, conforme o banco.

Cultura típica de pequenos produtores, a cana compete com outros cultivos na Tailândia, como os grãos, diz Andy Duff, gerente da equipe de pesquisa em agroeconomia do Rabobank Brasil. Para suavizar oscilações nos preços pagos aos produtores, a Tailândia criou um fundo que oferece suporte de preços para a cana em épocas de baixa remuneração. É uma forma de reter produtores na atividade.

Mas Duff avalia que o crescimento da produção na Tailândia não deverá passar incólume pelo "custo" do desenvolvimento. Ele se refere ao aumento dos custos com mecanização de canaviais, mão de obra, etc. "O desafio de ser mais competitivo, pelo qual o Brasil passa neste momento, chegará à Tailândia".



Veículo: Valor Econômico


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