A alta de 0,49% na criação de vagas de emprego em abril na indústria, com 40,6 mil novos postos, não pode ser considerado um indicador de recuperação do setor. Ao observarem os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), especialistas consultados pelo DCI disseram acreditar que o setor de serviços - que teve alta de 0,46%, com 72,2 mil novas vagas - deve continuar a dominar o crescimento da economia do País e que essa recuperação de vagas industriais é apenas um indicador pontual de alta.
Na opinião do professor da Metrocamp, Francis Regis Irineu, esse dado mostra apenas uma recuperação da perda que o setor sofreu no ano passado. "O ano passado foi muito complicado e a quantidade de emprego diminuiu, isso é só um sinal que neste momento deu uma recuperada mas não é um aumento significativo. Com certeza, serviços esta em franco crescimento em termos de contratação, é uma porta de entrada para o trabalhador", completou o professor.
O professor da Universidade Anhembi Morumbi, Marcello Gonella, pensa da mesma maneira, "na questão da indústria acho que ela vai ser melhor [esse ano que no ano passado] mas não dá para dizer ainda que está tendo uma recuperação como um todo, porque a indústria de bens duráveis é muito dependente do mercado externo que ainda continua com pouca recuperação então tudo isso tem um reflexo muito grande na indústria e além de nossos custos, nossas dificuldade de competitividade e nisso eu não vejo perspectivas de melhoras, não é a retomada", afirmou.
Ele explica que estamos vivendo um momento difícil de fazer previsões, "em janeiro tivemos aumento da atividade econômica e em fevereiro uma reversão e em março e abril manteve-se com uma projeção conforme o esperado, estamos tendo dificuldade de equilibrar a economia como um todo, dificuldade de controlar a inflação, que está ligada ao setor de serviços". Gonella completa dizendo que "o setor de serviços vem muito forte, é para onde vai a maior parte do consumo das famílias, junto com o setor agropecuário ele é o que mais tem impulsionado o PIB [Produto Interno Bruto]" .
Mais dados
Em abril o Brasil criou 196 mil postos formais de emprego, com crescimento de 0,49% em relação ao mês anterior, o setor da construção civil foi responsável pela criação de 32,9 mil novas vagas, com alta de 1,03% e a agricultura por 24,8 mil novas vagas e alta de 1,59% no número.
Para o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, que divulgou os dados do Caged, os números demonstram a retomada de crescimento do emprego. "Os números são otimistas, pois demonstram crescimento em praticamente todos os setores da economia", avalia o ministro, reiterando a expectativa do Ministério do Trabalho de que o País gere 1,5 milhão de vagas este ano.
No acumulado do ano, o emprego cresceu 1,39%, um acréscimo de 549.064 postos de trabalho, sendo que nos últimos 12 meses esse patamar alcançou 1.087.066 novas vagas, uma expansão de 2,79% no número de empregos com carteira assinada no País.
Regiões
A expansão de vagas, segundo o cadastro divulgado pelo Ministério, foi verificada em praticamente todas as regiões do Brasil. O Sudeste registrou a criação de 27,2 mil empregos com alta de 0,59% e a Região Sul com mais 39,2 mil novas vagas e aumento 0,54%.
O Centro-Oeste gerou 29,9 mil vagas com alta de 0,98% e o Norte teve 2 mil novos postos de trabalho, com acréscimo de 0,11%. A única exceção foi a região Nordeste que registrou queda 0,03%, o que representou 1,6 mil postos. Segundo o Ministério isso ocorreu por conta da sazonalidade do setor sucroalcooleiro no período da apuração dos dados.
Os estados de Goiás e Sergipe foram recordistas em crescimento de emprego com respectivamente 18,6 mil e 2,5 mil novos postos no período.
Veículo: DCI