Com os preços norte-americanos elevados nas últimas semanas e as recentes quedas nos preços FOB de trigo argentino, compras do cereal dos Estados Unidos ainda não decolaram por parte de moinhos e traders brasileiras. Apesar da proximidade do fim da exclusão de cobrança de tarifa externa comum, negócios com os norte-americanos encontram-se muito longe da cota liberada.
Nos dados divulgados no final da última semana pelo governo dos Estados Unidos, houve cancelamento de negócios com trigo norte-americano por parte do mercado brasileiro. Os negócios (não embarques) que no início do mês estavam concretizados no total de 491,3 mil toneladas no ano-safra, regrediram para 454,7 mil toneladas.
Verificou-se cancelamento de 36,6 mil toneladas de trigo hard americano (trigo pão), com esta classe de trigo somando neste momento 350,2 mil toneladas adquiridas não só por moinhos, mas por traders, que venderão o produto em lotes menores no mercado interno.
De acordo com a paridade de importação de trigo calculada por AF News Análises no último dia 15, o trigo argentino tinha vantagem de R$ 69/ton em relação ao hard americano, lembrando que esta diferença chegou a estar favorável ao trigo dos EUA em meados de abril.
Com isso, a quase totalidade dos embarques argentinos de trigo previstos são, atualmente, destinados ao mercado brasileiro.
A esperança de moinhos locais é que os preços norte-americanos caiam no final deste mês e início do próximo, e com isso as cotações tornem-se viáveis nos atuais preços de farinhas de trigo.
Oferta baixa no País
Os compradores brasileiros estão cada vez mais preocupados com a disponibilidade de trigo em grão no curto prazo, avaliou ontem o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Segundo dados do Seab/Deral citados pelo Cepea, no Paraná, 99% da safra já teria sido negociada até o final de abril. Além disso, 4% do grão da safra que ainda está sendo semeada já teria sido comercializada, fato incomum para este mercado, acrescentou o centro.
Em meio a uma sinalização de alguns vendedores de que seus estoques já estariam quase zerados, e com os altos preços no mercado internacional, os compradores estariam se voltando aos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para obter os grãos, mesmo que o produto ofertado pela companhia não tenha a qualidade por eles desejada.
Na última semana, o preço médio pago ao produtor (balcão) no mercado gaúcho ficou estável, enquanto no mercado de lote (entre empresas) houve avanço do 1,7%.
Veículo: DCI