Durante o Seminário de Inovação Têxtil ocorreu o pré-lançamento do 2º Anuário da Moda editado pelo Diário
Diante da concorrência desigual dos produtos chineses no mercado mundial, a indústria têxtil e de confecções do Ceará foi buscar, no Reino Unido, especialistas internacionais para trazer novas informações, ideias e experiências ao empresariado local, na tentativa de ampliar a competitividade do setor. As palestras marcaram o 1º Seminário Internacional de Inovação Têxtil realizado, ontem, na Fiec.
Especialistas do Reino Unido falaram para um auditório lotado. O Diário do Nordeste escolheu o momento para o pré-lançamento do Anuário da Moda FOTO: DIVULGAÇÃO
"Nosso objetivo é contribuir para o pensar além de nossas próprias experiências. Queremos saber o que está sendo feito lá fora para a partir daí planejar inovações que melhorem a competitividade dentro das nossas fábricas, diferenciando os processos e agregando valor aos produtos", explica Germano Maia, presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará (Sinditêxil-CE) e anfitrião do evento, que contou com a parceria do Senai e Sebrae.
Anuário da Moda
Durante o evento, houve também o pré-lançamento do 2º Anuário da Moda, editado pelo Diário do Nordeste. Neste ano, além de contar com diversas pesquisas relacionadas ao setor têxtil, a publicação trará também informações do setor calçadista, segundo Márcia Travessoni, organizadora da publicação. O lançamento oficial vai ocorrer no 2º semestre deste ano.
Fortalecimento
Dentre os palestrantes do seminário, o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, falou sobre as estratégias para um maior fortalecimento da cadeia produtiva têxtil e de confecções no Brasil. Segundo ele, a criação do Regime Tributário Competitivo para a Confecção (RTCC) e a repetição da salvaguarda para 67 itens de vestuário, que representam 75% do total das confecções importadas no Brasil, são os dois principais pilares da agenda que a Associação defende para que os segmentos possam garantir competitividade em relação aos importados e reverter o quadro de dificuldades, beneficiando grande parte da cadeia têxtil.
"Não é protecionismo. A salvaguarda é um instrumento previsto para resguardar setores em risco de sobrevivência. Já o RTCC é um modelo similar ao Simples, em que tributos como Pis, Cofins, contribuição previdenciária e Imposto de Renda serão pagos com 4% da receita bruta das empresas, deduzindo as vendas canceladas e mercadorias devolvidas, além das exportações", explica Pimentel.
Além desses dois pontos, fazem parte da agenda da cadeia têxtil e de confecções outros tópicos como qualidade, Pronatec, compras governamentais e a melhoria do mercado consumidor. A Abit defende também outras estratégias para ampliar a competitividade do setor, melhorando a infraestrutura de rodovias, superando a deficiência dos portos, a burocracia, o sistema tributário e o atrasos das obras públicas. "Tudo isso tem de ser resolvido para garantir nossa competitividade interna, mas não podemos competir lá fora com produtos vindos de Bangladesh, da China ou do Vietnã", afirma.
China
Para o diretor superintendente da Abit, a China terá de mudar seu modelo de desenvolvimento. "Quero saber como a China, que se envolveu com o vetor de exportação, vai se comportar agora num mundo que está contraído. Ela tem que mudar o seu modelo de desenvolvimento e isso está sendo anunciado. Mas a mudança de modelo num país daquele tamanho não é simples", pondera. Pimentel reconhece que não basta reclamar da China, de Bangladesh e do Vietnã. "Nós temos que cuidar de nossa vida, mas não podemos aceitar que políticas praticadas aqui dentro - estou falando das áreas trabalhista, ambiental e previdenciária - possam favorecer esses países a venderem seus produtos aqui, o que é uma competição desleal porque somos um país com características diferentes", argumenta.
Ele alega que a forma de inserção da China no mercado mundial nos últimos 30 anos não pode continuar, porque é incompatível com as regras da OMC. "A China não pode continuar se inserindo porque está trazendo uma reação contrária de todas as partes, porque por várias formas eles preservam sua capacidade de produzir, o que absolutamente incompatível com as regras da OMC.
Para Abit, o setor têxtil e de confecções é o que mais sofre com a competição mundial. "É um mercado muito difícil, com muita disputa. O Brasil tem capacidade para atender sua demanda local e tem capacidade para ser um player mundial importante. Há espaço para que a gente seja um protagonista relevante no mercado mundial. Em parte isso depende da gente, mas outra parte depende da economia do planeta e de decisão política".
Simples
Dados da Abit indicam que 90% das 57 mil empresas de vestuário no Brasil estão no Simples, representando um terço (1/3) do faturamento e 90% da quantidade produzida. A cadeia produtiva brasileira é 4ª maior do mundo em vestuário e a 5ª maior no segmento têxtil.
Veículo: Diário do Nordeste