A queda no preço de alimentos, ocasionada pela variação abaixo do esperado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) não deve ter grande impacto para o setor supermercadista, segundo analistas e empresários ouvidos pelo DCI. Ainda que o consumidor final sinta diferenças na hora da compra, o varejista não deve notar mudanças nos custos com fornecedores e estoques, por exemplo.
"Para que ocorra um crescimento considerável, é preciso que a queda de preços continue ocorrendo de maneira constante e significativa, gerando aumento no poder de compra do consumidor", disse o gerente comercial do Grupo Muffato de supermercados, Adilson Côrrea.
Após o anúncio IPCA-15, que variou 0,46% no mês de maio, o preço dos alimentos deve cair. O indicador ficou abaixo do registrado no mês de abril (0,51%), e aquém até mesmo da expectativa de alguns especialistas.
Para o setor de supermercados, a queda de preços deve ser branda, além de já ser esperada no período. Segundo o gerente de economia e pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Rodrigo Mariano, a desoneração dos itens da cesta básica, anunciada no início do ano, também contribuiu para a queda dos preços.
"Nós temos 235 itens no Índice de Preços de Supermercados [IPS], e destes, 60 fazem parte da cesta básica. Ao todo, 38 desses itens apresentaram redução no preço já no mês de abril, muito em fruto da ação de desoneração da cesta. Isso deve prevalecer nos próximos meses. Ao contrário de alguns setores, o de supermercados já esperava essa diminuição."
Alguns itens alimentícios já apresentaram redução do mês de abril para maio. Tiveram variação negativa no IPCA-15 produtos como o tomate (-12,42%), o açúcar refinado (-6,46%) e cristal (-2,37%), o óleo de soja (-2,23%), o café (-1,92%), o arroz (-1,78%) e o frango (-1,72%).
Para Rodrigo Mariano, as carnes provavelmente serão um destaque. "É um dos itens que pode causar maior impacto, já que possuem um preço mais expressivo e deve vir com variação negativa ao fim de maio. Já se observou uma redução dessa categoria desde março, e até junho deve se manter estável ou continuar com um decréscimo."
Ainda de acordo com o gerente da Apas, a queda dos preços não deve atingir áreas como o fornecimento de mercadorias, mas chegará até o consumidor final, ainda que de forma leve. "Os produtos já estão no varejo. O que vai aumentar mesmo é a diversificação de consumo, vai melhorar e aumentar o poder de compra do consumidor, mas nada que dobre a quantidade de produtos comprados, ou represente um aumento acima de 10% no consumo, por exemplo. Estamos em um momento de inflação elevada no Brasil como um todo", detalhou ele.
O setor de supermercados observou um crescimento de 6% no ano passado, e a estimativa, segundo a APAS, é de que o número gire em torno de 5% ao final deste ano. Para Rodrigo Mariano, a inflação é um dos principais responsáveis pelo crescimento menor em 2013. "A inflação vai vir muito impactada por outros itens, como remédios, devido ao reajuste pelo governo e também pelo início do inverno. A inflação de alimentos especificamente deve se manter mais estável, e até com variação negativa em junho, julho. Se você tem inflação mais controlada, significa que haverá uma compra de volume maior de produtos. As previsões para este ano são de crescimento, mas com desaceleração em relação a 2012", finalizou o executivo.
Corrêa, afirma ainda que a inflação desempenha um papel fundamental em qualquer área da economia, especialmente no varejo. Para ele, a queda dos preços de gêneros alimentícios contribui para as vendas, embora ainda seja cedo para definir o tamanho efetivo desta contribuição para o segmento. "Reduções de preços são sempre bem-vindas, pois permitem uma maior agressividade do varejo, que pode intensificar ainda mais a política de ofertas e promoções, estimulando o consumo e, consequentemente, gerando um aumento nas vendas", diz.
Inflação
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a variação de 0,46% do IPCA-15 em maio, o resultado acumulado no ano ficou em 3,06%, acima da taxa de 2,39% ante ao mesmo mês de 2012. Considerando os últimos 12 meses, o índice foi para 6,46%, abaixo dos 6,51% dos 12 meses anteriores. Em maio de 2012, a taxa havia ficado em 0,51%.
Veículo: DCI