A migração dos shopping centers para regiões interioranas e a diversificação do modelo de empreendimento têm sido as principais alternativas buscadas pelo setor para manter o mercado aquecido. O interior do estado de São Paulo e regiões como Nordeste e Sul são alguns dos pontos mais procurados para futuros empreendimentos. Projetos como o Tangará Shopping, elaborado por meio de parceria entre as empresas Enplanta e Multi e que será construído em Sorocaba (SP), são exemplos dessa nova tendência no setor varejista.
A saturação dos grandes centros é um dos motivos que levam empresários a olhar com mais atenção para cidades menores e mais distantes das metrópoles tradicionais. Para o especialista em shopping centers e diretor da Consultoria Make It Work, Michel Cutait, o alto custo de áreas nas capitais leva a um maior interesse nas regiões menos exploradas. "Hoje os vetores de crescimento dos shopping centers estão bastante direcionados para o interior de São Paulo e outras regiões como o Nordeste, o Sul e Minas Gerais. O interior de São Paulo é com certeza uma delas, já que o estado responde por mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e tem grande poder de consumo", detalhou o executivo.
Segundo Henrique Falzoni, diretor-presidente da Enplanta, a construção do Tangará Shopping será feita em uma área estratégica, e busca se diferenciar de outros negócios semelhantes pelo tipo de público-alvo do empreendimento.
"Identificamos o terreno da obra há dez anos, e pensamos que Sorocaba já poderia contar com um segundo shopping center. Porém, nesse período, outros empreendedores começaram a construir. Mesmo assim, nos diferenciamos por fazer um projeto no centro geográfico da cidade, voltado para as classes A e B."
O Tangará Shopping faz parte de um projeto misto, composto pelo conjunto de lojas, um edifício comercial, um multiuso e duas torres residenciais. O complexo está sendo desenvolvido em parceria com a Multi Construtora e Incorporadora e reúne investimentos de R$ 500 milhões, sendo que R$ 300 milhões serão destinados ao shopping center, previsto para ser inaugurado entre o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015, e que terá 35 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL).
Este modelo de empreendimento que reúne em um mesmo terreno prédios com diferentes propostas também é uma das soluções encontradas por empresários para agregar valor ao projeto. É o que afirma o presidente da Enplanta. "Neste empreendimento são 42 mil metros quadrados do shopping center, e houve oportunidade para comprarmos mais 15 mil metros quadrados em um terreno adjacente, onde construíremos os edifícios do complexo. Atualmente, os ganhos com shopping center estão muito reduzidos, mesmo os aluguéis de pontos comerciais foram muito comprimidos. Um complexo pode ajudar a melhorar a performance, pois há um rendimento melhor, uma maior valorização."
De acordo com o especialista Michel Cutait, além da valorização do próprio shopping center, o entorno ganha muito com o estabelecimento de um complexo. "As grandes vantagens para os lançamentos em conjunto com outros empreendimentos são a diversificação do portfólio da empresa, o desenvolvimento nessa região e o surgimento de um mercado consumidor para aquele shopping. Há também a criação de uma sinergia de negócios e atividades que muitas vezes são complementares. Por exemplo, se é construído um hotel junto ao mall, há um ganho por estar próximo a um negócio que atrai novos consumidores."
Cutait ainda conclui citando o caso específico da cidade em que será lançado o Tangará Shopping. "Em Sorocaba, por exemplo, foi lançado o Esplanada Shopping, em uma avenida que era praticamente um imenso vazio. Depois do lançamento, esta se tornou uma das áreas mais valorizadas da cidade. Da mesma forma que as lojas-âncoras são importantes para o shopping center, o shopping center funciona como uma espécie de âncora para o desenvolvimento imobiliário."
Fora dos grandes centros
Atualmente, segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 235 dos 463 shoppings em funcionamento no País não estão nas capitais.
Localizado fora da região Sudeste, o Rio Sierra Shopping será construído na cidade de Campina Grande, na Paraíba. O projeto deve contar com cerca de 30 mil metros quadrados de ABL, e contará com investimento de R$ 180 milhões.
Neste mês, a cidade de Marabá, no Pará, localizada no Polo Siderúrgico de Carajás, teve um empreendimento inaugurado. O Shopping Pátio Marabá faz parte de um projeto misto que ainda englobará dois hotéis e uma torre comercial.
Enquanto algumas operações localizadas fora dos eixos tradicionais do varejo são inauguradas, outras buscam expandir suas operações. O Shopping Jaraguá Araraquara, por exemplo, controlado pelas Organizações Sol Panamby e administrado pela Lumine, deve dobrar de tamanho após sua terceira expansão.
São mais de 12 mil metros quadrados inéditos de ABL, 70 novas lojas e três novas lojas âncoras, entre elas a Riachuelo. Uma praça de eventos de 850 metros quadrados será construída, além de 900 vagas de estacionamento adicionais e uma nova sala de cinema.
Até este momento em 2013, segundo a Abrasce, foram inaugurados seis shopping centersno Brasil, nas cidades de Marabá (PA), Sobral (CE), Londrina (PR), São Paulo (SP), Pouso Alegre (MG) e Linhares (ES).
Ainda são estão previstas 40 inaugurações no País este ano. A expectativa, segundo a entidade, é ter 503 empreendimentos até o fim de 2013. No ano que vem, 32 projetos devem ser inaugurados.
A região Sudeste ainda é a que conta com um maior número de centros comerciais: 257, cerca de 55,5% da quantidade de shoppings no País. O segundo lugar é ocupado pela região Sul, com 83 empreendimentos, aproximadamente 17,9%.
Veículo: DCI