Le Biscuit adia planos em SP e foca o NE

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Controlada pela gestora de recursos Vinci Partners e pela família Sant'anna, a rede Le Biscuit, especializada na venda de utilidades para o lar, brinquedos e papelaria, adiou o projeto de expansão mais acelerada em São Paulo. A companhia baiana também alterou o plano de abrir um centro de distribuição (CD) no mercado paulista em 2013. Até então, a empresa previa que metade das 20 inaugurações deste ano seriam no Estado de São Paulo e a outra metade, no Nordeste. Agora, a companhia projeta duas a três aberturas na região e o restante em cidades nordestinas. E os investimentos na área de armazenagem neste momento também ficarão concentrados em um novo CD da empresa em Camaçari (BA), e não mais em São Paulo.

"Optamos por reforçar a presença da empresa onde já estamos e, depois de alcançar um volume de lojas mais maduras no Nordeste, acelerar o projeto em São Paulo, provavelmente a partir de 2015", disse Álvaro Sant'anna, diretor presidente da companhia. "Nós temos uma base grande de lojas em fase de maturação ainda e, se abríssemos outros pontos em São Paulo, essa base aumentaria mais e teríamos um desequilíbrio entre pontos maduros, e já lucrativos, e pontos novos", disse o executivo. Unidades recém-inauguradas dão prejuízo por um período (de dois a três anos) e afetam a margem de lucro porque são lojas em que há um aumento inicial do volume de promoções para atrair tráfego.

A Le Biscuit soma 40 lojas no Brasil hoje, sendo 30 nos Estados nordestinos, 8 pontos no mercado paulista (2 na capital e seis 6 no interior), e 2 lojas em Minas Gerais. Na cidade de São Paulo, os dois pontos estão em shoppings (onde está a maioria das lojas da rede). A varejista foi criada em Feira de Santana (BA) em 1968 por membros da família Sant'anna. Desde fevereiro de 2012, 40% do capital pertence à gestora de recursos Vinci Partners, comandada por Gilberto Sayão, ex-sócio do Pactual. O restante pertence à família.

Segundo a varejista, a revisão de planos não se deve a problemas financeiros ou de caixa. A companhia mantém a previsão de investimentos de R$ 110 milhões neste ano. O que ocorre é que os recursos a serem destinados para novas lojas, e que iriam para São Paulo, foram transferidos para o mercado nordestino - que terá entre 16 e 17 novos pontos dos 20 a serem abertos neste ano. No total, estão sendo investidos R$ 50 milhões na abertura das 20 unidades neste ano. O gasto médio por ponto, nas duas regiões, está em R$ 2,5 milhões.

Desse investimento de R$ 110 milhões para 2013, R$ 40 milhões estão sendo destinados para a construção de um novo centro de distribuição em Camaçari (BA), que terá o dobro da área do antigo centro em Salvador (de 10 mil metros quadrados) e que será desativado. Como a expansão orgânica será mais discreta em São Paulo, a criação de um CD no Estado também ficará para os próximos anos, e não para este. A companhia está analisando algumas áreas para definir a localização. Os recursos para o investimento foram obtidos no caixa (100% do lucro anual está sendo reinvestido no negócio hoje), além de linhas do BNDES repassadas por bancos privados e uma linha do Banco do Nordeste.

Com quase R$ 300 milhões de receita bruta em 2012, 44% acima do apurado em 2011, a varejista prevê expansão de 50% em 2013, com o volume atingindo cerca de R$ 450 milhões neste ano. O plano é manter essa taxa na faixa de 50% nos próximos dois ou três anos, até alcançar receita de R$ 1,5 bilhão em 2016 - quando a rede projeta alcançar entre 160 e 170 pontos.

Com um volume maior de vendas - e conselho de administração já estruturado, assim como contrato de auditoria com a Ernst & Young desde 2011 -, a Le Biscuit começa a falar na hipótese de uma abertura de capital a partir de 2015. "É algo mais para frente, para 2016 ou 2017. Nós já estamos com tudo pronto, mas não temos pressa porque precisamos ver o melhor momento do mercado e para os acionistas", disse. A Vinci tem dois membros no conselho, e a familia, três.

Como referências de mercado, a empresa tem hoje a Lojas Americanas, sua concorrente em diversos segmentos, além dos hipermercados (que rivalizam em algumas áreas) e pequenas redes regionais. Mas como é um modelo híbrido, que vende de peças de decoração de R$ 350 a linhas de costura e guardanapos de R$ 6, a rede acaba concorrendo com diferentes tipos e tamanhos de lojas. "Não vemos espaço para aquisições ou fusões de grande porte porque não há tantas empresas de maior porte nesse segmento. O crescimento, portanto, a princípio será de forma orgânica", disse Sant'anna.



Veículo: Valor Econômico


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