Feira discute futuro de queijos artesanais

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O fórum internacional "Indicações Geográficas, Patrimônio Cultural e os Queijos de Leite Cru", vai discutir, até 6 de junho, durante a Superagro Minas 2013, o futuro desses produtos tradicionais na mesa das famílias mineiras há quase 300 anos. Os queijos artesanais de leite cru foram alçados à condição de patrimônio cultural imaterial brasileiro por meio do seu método de produção. Atualmente, o Estado possui cerca de 30 mil produtores e o principal desafio é que este produto consiga alcançar mercados de outros estados, além sistematizar o documento do Plano de Salvaguarda do queijo artesanal.

A assessora técnica da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Ana Helena Cunha, explicou que o fórum pretende discutir a forma de gestão dos queijos artesanais de leite cru do Estado, entre eles o Minas, para promovê-los como produtos regionais de procedência definida. "A indicação geográfica solicitada pelas associações de produtores ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) é muito importante para proteger o nome do produto e, ainda, como ele é confeccionado em determinada localidade", afirma.

Atualmente, há duas regiões do Estado que já possuem a indicação geográfica: Serro e Canastra. A cidade de Araxá e, ainda, a Serra do Salitre devem ingressar com o pedido ainda neste ano, segundo a assessora. Esse documento impede, também, que o nome do produto seja usado de forma indiscriminada.

Produção - Pelo seu pioneirismo, a Lei Estadual 14.185, de 30 de janeiro de 2002, que trata do processo de produção do queijo minas artesanal, também será abordada durante o fórum. O evento trouxe a Belo Horizonte representantes de associações de produtores de queijo artesanal de leite cru de outros estados como Santa Catarina e, ainda, Rio Grande do Norte, que estão vivenciando experiência similar com seus queijos.

A transformação do queijo artesanal de leite cru produzido em Minas Gerais em patrimônio cultural imaterial brasileiro modificou drasticamente a visão que as pessoas têm desses produtos e, conseqüentemente, o seu valor comercial. Segundo a coordenadora de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Minas Gerais (Iphan-MG), Corina Maria Rodrigues Moreira. Mais que o produto final, o modo tradicional de fazer o queijo, passado de forma oral pelos núcleos familiares que trabalham nesse ramo de negócio, é o que foi reconhecido como patrimônio.

"Os produtores ainda estão se adequando à ideia de que o queijo artesanal passou a ter valor cultural agregado", comenta. No entanto, toda tradição muda com o tempo. No caso do queijo artesanal de leite cru, o desafio proposto é a adequação à legislação sanitária em vigor, para que o produto não represente risco para a segurança alimentar da população.

Segundo a gestora, o Iphan tem mantido contato permanente com os órgãos de vigilância sanitária, para que a fiscalização seja intensificada no Estado. "Temos hoje no Estado 30 mil produtores o que dificulta esse processo", reconhece.


Importância - O diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Altino Rodrigues Neto, ressalta que, mais que produto, o queijo tem grande importância social para o homem do campo. "Essa atividade fixa o homem no campo", exemplifica. Por se tratar de pequenos produtores, é desse produto que eles retiram seu sustento.

Há que se considerar, ainda, que o queijo artesanal de leite cru é um produto tradicional muito apreciado pela população, pela forma como ele é produzido. Por isso, o próximo passo para valorizar o produto é garantir a venda nacional. "Precisamos de uma autorização do Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que o IMA certifique os queijos mineiros", adianta.

Um dos pontos altos da programação do fórum será o estudo de casos de sucesso como o do queijo artesanal francês Saint Nectaire, que é vendido em todo o mundo. O encontro vai sistematizar, ainda, o documento do Plano de Salvaguarda do queijo artesanal de leite cru, com as regras para a perpetuação do conhecimento, para que este produto seja feito de forma segura para a população.

O evento terminará com o concurso do melhor queijo artesanal de leite cru do Estado, no dia seis de junho, a partir das 17h30. O resultado final será divulgado às 21 horas.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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