Empresa usa pouco cartão e prefere dinheiro e cheque

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As pequenas e médias empresas viraram o principal foco das bandeiras de cartão para 2009. Enquanto os plásticos caíram nas graças das pessoas físicas, nas empresas ainda são muito pouco usados. Só 1% delas declara usar o cartão empresarial de débito nos pagamentos, enquanto dinheiro e cheque são utilizados por mais de 70% das companhias, revela uma pesquisa da Visa e da Nielsen, que ouviu 400 empresas no Brasil. 

 

A maior oportunidade para o setor está nas médias empresas, com faturamento anual a partir de R$ 10 milhões, mostra pesquisa da MasterCard e do Instituto Oslo-IM obtida com exclusividade pelo Valor. O segmento é formado por muitas empresas fabricantes de compostos químicos, parafusos, forros, molas, papel para impressão, fios de transmissão, e está inexplorado pelos bancos, conclui o levantamento, que fez entrevistas pessoais com os executivos. 

 

Só com viagens e restaurantes, as pequenas e médias empresas gastam mais de R$ 30 bilhões por ano. As bandeiras também estão de olho em R$ 9 bilhões em diárias de hotéis pagas por meio de faturamento e que os próprios hotéis querem que sejam pagas por meios eletrônicos. 

 

Desconhecimento das características do produto, temor de perda do controle de gastos e do uso indevido por funcionários estão entre as razões apontadas no levantamento para a baixa adesão aos cartões empresariais. "Muitos dos entrevistados ainda não sabem que o cartão pode oferecer maior controle de custos. E isso é importante em tempos de crise", afirma Regina Rocha, vice-presidente de vendas de produtos comerciais da MasterCard Brasil. A empresa pode, por exemplo, definir limites de gastos por funcionário e em qual tipo estabelecimento comercial o cartão pode ser usado. A pesquisa mostra que as empresas mais profissionalizadas conhecem melhor o cartão corporativo do que as mais familiares. 

 

Das empresas pesquisadas pela Nielsen, 28% afirmaram ter o cartão empresarial, mas na prática acabam não utilizando o plástico. O uso do cheque vem diminuindo, acompanhando movimento semelhante ao que já acontece com pessoas físicas. A pesquisa, em sua segunda edição, mostra que, em 2007, 38% das companhias declararam pagar com cheques. No ano passado, o número caiu para 27%. Um quarto das empresas declarou usar o boleto bancário. Nos cartões, 1% afirmou usar os plásticos empresariais de débito e outros 1% afirmaram que usam o cartão da pessoa física para pagarem gastos da pessoa jurídica. 

 

Essa é outra razão apontada para explicar por que o cartão empresarial tem uso reduzido nas pequenas empresas. Em muitas delas, especialmente nas microempresas, a figura do dono da companhia se confunde com a própria empresa e os gastos se misturam. O estudo da Visa mostra que a maioria (86%) dos donos de empresas tem conta bancária, mas como pessoa física e não como jurídica. "Para estimular o uso, criamos cartões que oferecem benefícios para pessoas jurídicas, mas não na pessoa física", diz Rubén Osta, diretor geral da Visa do Brasil. Segundo a pesquisa, 80% dos empresários consideram importante separar os gastos, mas a maioria não faz isso na prática. 

 

"Os cartões corporativos são nosso foco em 2009", afirma Osta. Segundo o diretor da Visa, a bandeira faz esforço conjunto com os bancos para tentar melhorar a aceitação do produto. A pesquisa da concorrente MasterCard mostra que a venda de um cartão empresarial é mais complicada que a de um plástico para pessoa física e exige pessoal mais treinado. "O empresário quer que o gerente vá lá na empresa", diz Regina. 

 

Não há estatísticas sobre o número de plásticos no mercado. Segundo a executiva da MasterCard, o crescimento dos cartões empresariais vem sendo o dobro dos plásticos para pessoas físicas, que crescem na casa dos 20%. As duas bandeiras não divulgam os dados. Os maiores bancos do Brasil resolveram se focar no cartão empresarial, mas também não informam os números. 

 

No início do ano passado, um escândalo envolvendo o uso indevido dos cartões corporativos por ministros do governo acabou manchando a imagem desses plásticos. Houve denúncias de que esse meio de pagamento foi utilizado até em sex-shops e para compra de bebidas alcoólicas. Segundo Regina, da MasterCard, o temor de alguns empresários é que ocorra algo do tipo se distribuírem os cartões para todos os funcionários. Por isso, quem faz adesão a um cartão, acaba restringindo o uso à diretoria e a poucos funcionários. "Notamos mais empresas usando o cartão, mas com uso mais restrito a alguns cargos." 

 

Veículo: Valor Econômico


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