Brasil Kirin, que estuda usar ferrovias quando o valor do frete rodoviário subir, conseguiu reduzirem até 10% de seu custo usando navios, meio adotado pela Josapar há 15 anos
A saída pelo mar é cada vez mais usada pelas indústrias brasileiras. Hoje, o modal aquaviário representa cerca de 13% da matriz de transporte brasileira. Entretanto, empresas como a Brasil Kirin viu na navegação costeira, cabotagem, vantagem competitiva para a distribuição de seus produtos para o Nordeste. A companhia começou a estruturar o transporte por navio no mês passado e embarca 60 contêineres por mês de São Paulo para a Bahia e Pernambuco.
O coordenador de logística e transporte da Brasil Kirin, André Simmons, disse que os estudos para a troca do caminhão pelo navio começaram em2011 e os testes apontaram que os custos foram reduzidos em até 10%.
“O transporte marítimo é extremamente competitivo em distâncias acima de 800 quilômetros. Além disso, os índice de avarias da carga é praticamente nulo e isso compensa o transit time mais longo em relação ao caminhão”, disse o executivo. Pela cabotagem leva-se 10 dias da origem ao destino, já pelo modal rodoviário o tempo de viagem de São Paulo ao Nordeste é menor e varia entre 5 a 6 dias.
Os contêineres da Brasil Kirin são movimentados pela Log-In e pela Maestra e todo mês há uma escala a mais no trajeto e os navios chegam a Manaus. “Para o Norte mandamos pouco para lá, três contêineres. Até porque temos uma fábrica que abastece todo o consumo local”, acrescentou.
Outra que usa a cabotagem desde a 1998 é a Josapar. A dona da marca de arroz Tio João movimenta 36 mil toneladas por mês em navios, o que representa entre 25% a 30% de todo o transporte da companhia. Os navios da Aliança Navegação e logística é que fazem esse transporte. “Nosso planejamento envolve, além da cabotagem, a ferrovia. O abastecimento para o Sudeste é realizado por trem. Do Rio de Janeiro para Manaus usamos os navios da Aliança”, explica o diretor-presidente da Josapar, Luis Gustavo Krause.
Para o analista de transporte e professor da Ebape/FGV, Renaud Barbosa, a cabotagem ainda carece de investimentos estruturais para se tornar uma opção competitiva para as empresas brasileiras. Segundo ele, o gargalo no modal está n os portos brasileiros.
“Os acessos terrestres são ruins e isso faz com que o modal, bem competitivo quando feito em condições normais, perca parte desse ganho. São filas de caminhões e de navios para atracar nos terminais. Investimentos portuários precisam ser feitos para termos mais uma opção competitiva de transporte”, disse Barbosa. Além da cabotagem, a Brasil Kirin também está testando a ferrovia. O transporte ferroviário. A companhia tem um projeto piloto para abastecer o mercado do Centro- Oeste saindo de São Paulo e do Maranhão. Quem tem a concessão desses trechos são a ALL e a Ferrovia Norte-Sul. “Embarcamos há um mês dois contêineres de Sumaré (SP) para Alexânia(GO). Mas, a ferrovia não é uma alternativa tão competitiva quando à cabotagem. Os custos, em relação ao rodoviário, são iguais. Vamos usar os trens quando acontecer um aumento do frete do caminhão”, diz Simmons, da Brasil Kirin.
Veículo: Brasil Econômico