É a primeira vez que a planta de cerrado é usada em linha industrial.
A macaúba, uma palmeira nativa do cerrado brasileiro, muito presente em Minas Gerais, é a menina dos olhos da publicitária Patrícia Ferraz, que está à frente da Macaúba Brasil, empresa fundada há cerca de dois anos e baseada em Leopoldina, na Zona da Mata mineira. Desde setembro de 2012, ela comercializa uma linha profissional de produtos para cabelos cuja matéria-prima é o extrato retirado da amêndoa da fruta da macaúba. A linha é composta por xampu, máscara, óleo e spray de brilho. "Essa é a primeira vez que essa planta é utilizada em um cosmético industrial. Porém, há registros nas cartas do Padre Anchieta de que o óleo de macaúba era usado antigamente pelos índios", relata a publicitária, que é diretora de pesquisa e inovação da empresa.
A planta entrou no mercado fazendo sucesso. A linha da Macaúba Brasil, resultado de pesquisas realizadas pela empresa em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, já está presente em salões de beleza de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e de estados do Nordeste do país. "Já temos pedidos de distribuidores da Argentina, Peru, Chile e até da Itália", afirma, sem revelar o volume de vendas e de produção. A diretora de inovação também tem planos de se unir a uma multinacional do setor, com atuação em cerca de 90 países, para iniciar suas exportações. "Pretendemos unir o nosso conhecimento técnico à competência comercial de uma grande empresa. Os estrangeiros são loucos pelos nossos produtos", revela.
Além da linha para cabelos, ela pretende colocar no mercado produtos para a pele ainda no ano que vem. E também estuda outros lançamentos para 2015, os quais prefere manter em segredo. "Cada projeto nosso é avaliado no mínimo por dois anos", afirma. Além disso, possui um plano de sustentabilidade, que será testado em breve, para plantar e ser a própria fornecedora da matéria-prima usada pela empresa. "Se a minha ideia der certo, pretendemos utilizar uma área equivalente a 500 campos de futebol na Zona da Mata. Essa será a maior extensão do Brasil com plantio de macaúba", comenta.
Um dos motivos do investimento, segundo ela, é que existe muita demanda pela planta e pouca oferta dos fornecedores. "O Brasil também está sendo visto como a nova Arábia por causa do uso da polpa da macaúba para fabricar biodiesel. A palmeira pode alavancar a economia do estado, já que é típica daqui. E é uma ótima opção para o homem permanecer no campo", informa.
Cabelos - Os produtos da Macaúba Brasil foram elaborados para o cabelo da brasileira, que é muito miscigenado. Além disso, se adaptam ao clima tropical. "Nós somos a primeira marca do país a fabricar produtos para salões de beleza que são direcionados para as brasileiras. Além disso, temos qualidade premium", salienta. O óleo de macaúba já é considerado no mercado como um forte concorrente do óleo de argan. Porém, a publicitária não concorda. "A macaúba é mais uma opção, não um concorrente", afirma.
A ideia de produzir cosméticos à base dos frutos da palmeira aconteceu por acaso. Há cerca de oito anos, a publicitária encontrou um livro com fórmulas do avô farmacêutico, que já usava as propriedades da macaúba em para fins terapêuticos. Percebendo o valor do documento, Patrícia Ferraz procurou a equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa para entender melhor o que tinha em mãos. Na época, Patrícia Ferraz ainda cursava faculdade de Publicidade pelo Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. "Não foi um investimento proposital. Fui descobrindo as oportunidades e tendo ideias aos poucos." Há cerca dois anos, começou a realizar pesquisas intensivas em conjunto com a equipe acadêmica. Recentemente, a empresa conquistou o Prêmio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Inovação e ganhou uma verba de R$ 90 mil para ser usada em pesquisas.
Veículo: Diário do Comércio - MG