Festa junina dá impulso à formalização de autônomo

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Cidades com tradição no evento ganham mais microempreendedores

Formalização garante cobertura previdenciária a quem tenha faturamento anual de até R$ 60 mil

FILIPE OLIVEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A formalização de profissionais autônomos vem crescendo nas cidades em que as festas juninas são tradicionais. A conclusão é de levantamento realizado pelo Sebrae Nacional em municípios do Nordeste.

Entre 2010 e 2012, a presença de microempreendedores individuais (MEIs) aumentou mais de 100% em todas as cidades pesquisadas. Entre elas, Campina Grande (PB), Caruaru (PE), João Pessoa (PB), Mossoró (RN), Recife (PE) e Salvador (BA).

A formalização como MEI possibilita, desde 2009, o acesso à cobertura previdenciária de autônomos com faturamento anual de até R$ 60 mil. Os empreendedores também podem ter um funcionário. Em contrapartida, são pagos cerca de R$ 40 por mês de tributos.

Em Caruaru, por exemplo, o número de MEIs que atuam em festas juninas cresceu 174% entre 2010 e 2012. Só no comércio de bebidas, os empreendedores formalizados passaram de 22 para 69.

Em Campina Grande, o aumento de MEIs foi de 303%, em boa parte sob impulso das confecções de roupa sob medida, que passaram de 3 para 18 empresas.

BARRACAS E FOGOS

Para o levantamento, utilizou-se o Cadastro Nacional de Atividades Econômicas, da Receita Federal. Foi analisado o número de MEIs atuando em atividades como comércio de fogos de artifício, produção musical e montagem de barracas.

Segundo o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, a possibilidade de ter um CNPJ e com isso ter mais oportunidades tem favorecido a adesão ao MEI:

"Isso abre muitas portas. Com o cadastro, é possível negociar preços melhores na compra de mercadorias ou matéria-prima, fica mais fácil ter acesso aos serviços bancários e ao crédito".

Ele também diz que, por depender de um cadastro feito pela internet e envolver pouco custo, o MEI favorece a formalização em atividades que têm por característica um movimento sazonal, como as festas juninas.

Porém Barretto recomenda que os empreendedores se planejem para atender oportunidades em períodos de menor demanda.

DIVERSIFICAR


Dagmar dos Santos, 53, aprendeu a fazer licores com a filha. Geórgia Nunes, 24, havia se mudado da cidade de Tucano (BA) para fazer sua graduação e descobriu a receita em um curso do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

Geórgia afirma que a mãe começou a fazer os licores em 2007, para vender em Tucano. Logo perceberam que a procura pela bebida aumentava muito na época do São João e criaram o nome Darmar Licores.

Dagmar continua realizando toda a produção no interior do Estado. Já a filha, formada em design, cuida da comunicação da empresa.

Dagmar diz que a empresa registra um aumento na procura de 90% na época de festas, nos meses de junho e julho. A estratégia das empreendedoras para lidar com a sazonalidade foi se concentrar em diferentes sabores e embalagens para o produto, dependendo da época do ano.

Perto das festas, o que sai mais são os tradicionais, como ameixa, passas e limão.

Para diversificar as vendas durante o ano, elas possuem uma linha de licores finos com embalagem própria nos sabores chocolate, amendoim e café.

A microempreendedora conta que se formalizou como MEI neste ano. Entre os atrativos, estão a maior facilidade que teriam para vender para outras empresas.

"Somos uma empresa que emite nota fiscal como qualquer outra."



Veículo: Folha de S.Paulo


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