Poucos negócios no mercado de trigo

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A combinação entre a escassa oferta disponível do trigo colhido no fim de 2012 e a pouca procura pelo cereal da safra nova, que começará a sair dos campos somente em setembro, tem provocado lentidão às negociações do cereal no país, embora os preços permaneçam sustentados. Conforme analistas, os estoques dos moinhos não estão abarrotados, mas são suficientes para evitar uma correria às compras.

"Nos últimos dias, foram fechados negócios a até R$ 770 por tonelada do cereal de melhor qualidade. Como existe uma boa procura por parte dos moinhos no mercado disponível e a oferta é pequena, o preço acaba evoluindo", disse Claiton dos Santos, sócio-diretor da TS Corretora, de Passo Fundo (RS).

Segundo ele, no começo de junho os preços estavam em torno de R$ 700 por tonelada, mas reagiram diante do reaquecimento das compras dos moinhos. Apesar da valorização nas cotações, muitos produtores gaúchos continuam a reter os enxutos estoques que possuem, na expectativa de que a tonelada possa chegar a pelo menos R$ 800. "Minha percepção é que resta no Estado cerca de 10% da safra passada [o equivalente a pouco mais de 180 mil toneladas] para ser comercializada", afirmou Santos.

Já no mercado futuro, os preços do trigo no Estado do Rio Grande do Sul estão bem menos atraentes ao produtor, em torno de R$ 500 a R$ 550 por tonelada. "Isso inibe as vendas por parte dos agricultores. Os moinhos também têm manifestado pouco interesse pelas compras antecipadas, já que é muito difícil garantir a qualidade do cereal que ainda está em fase de plantio", afirmou o corretor.

No Paraná, maior Estado produtor de trigo do país, a situação não é muito diferente. "Há cerca de 60 dias não se fala em trigo por aqui. Praticamente não há trigo da safra velha e há pouca movimentação para compra antecipada da nova", disse Camilo Motter, economista e corretor da Granoeste, de Cascavel (PR).

De acordo informações de Motter, as indústrias têm preferido recorrer aos leilões de estoques públicos que têm sido promovidos com frequência pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - o próximo está marcado para quinta-feira, dia 27, com a oferta de 70,3 mil toneladas.

Ainda segundo o corretor, mesmo as importações, que costumam acontecer nessa época, também estão lentas em consequência dos conhecidos problemas de logística do país. "Houve alguns negócios com trigo do Paraguai, a cerca de US$ 400 por tonelada [o equivalente a R$ 896 por tonelada]", disse Motter.

A Conab prevê que o Brasil colherá 5,5 milhões de toneladas de trigo este ano. Desse total, 2,62 milhões de toneladas devem vir do Paraná - onde o plantio já alcança 81% da área, segundo o Departamento de Economia Rural do Estado (Deral) - e outras 2,45 milhões de toneladas são esperadas do Rio Grande do Sul, onde 55% da semeadura está completa, de acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS).



Veículo: Valor Econômico


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