O "mobile work" e as suas conseqüências

Leia em 4min 10s

O trabalho móvel, ou a distância, pode parecer estranho para muitos, mas segundo uma pesquisa realizada, este ano, pela ONG Market Analysis, o "mobile work" já é adotado por 23% dos funcionários do setor privado. As microempresas são as que mais utilizam o trabalho virtual. Hoje, já são 10,6 milhões de teletrabalhadores no País. Em 2001, esse número era de apenas 500 mil. Entre os motivos para esse crescimento estão a disseminação da banda larga, o trânsito nas grandes cidades, a chegada da tecnologia 3G aos celulares e os novos formatos de trabalho à distancia.

 

Mas a pergunta que fica na cabeça das pessoas é sobre as vantagens e desvantagens do trabalho à distância. Entre as primeiras destacam-se a economia de tempo no deslocamento trabalho-casa, economia de custos, aumento da qualidade de vida e uma maior participação do profissional na rotina de sua família. Em momentos de crise, esses motivos podem fazer com o teletrabalho seja a opção escolhida.

 

Mas, antes de optar por mandar todos os seus funcionários para casa, deve-se pensar no lado negativo, como o aumento da dificuldade de gestão, falta de controle das horas trabalhadas e também o pouco convívio com os colegas de trabalho. Além disso, o "home office" não é para qualquer pessoa. Se for alguém que prefira o barulho, de parar para tomar um café, que gosta e necessita do trabalho em equipe, trabalhar em casa irá diminuir o rendimento e se tornará uma péssima opção.

 

Entram aí os novos desafios encontrados pelo departamento de recursos humanos das empresas. Como gerenciar o trabalhador móvel? Como permitir o "home office" para alguns funcionários e para outros não? Como colocar uma regra em algo que é tão particular e que pode ser extremamente positiva para uns, e completamente negativa para outros?

 

É responsabilidade do RH, por exemplo, avaliar o tipo de atividade, a maturidade, o grau de comprometimento do profissional e o quanto ele está engajado com a organização. Em muitos casos a melhor escolha não é o "home office", e sim um misto, um pouco na empresa, um pouco em casa. O importante é encontrar a medida em que o funcionário produz melhor, seja em casa, no escritório, ou em qualquer outro lugar.

 

O trabalho móvel é comum em cargos como o de representantes e vendedores, onde o funcionário é remunerado por aquilo que ele vende - ou seja, por resultados objetivos. A questão é como estender isso a outros tipos de função em uma organização, sem perder as referências de produtividade. Como saber se o funcionário não está em sua casa de pijama, jogando paciência e vendo TV? Ou ainda, como controlar as horas extras? Sem dúvida a administração fica facilitada quando o tipo de função exercida pode ser fracionada a projetos definidos e que permitam métricas específicas. Nesse caso, o que interessa é o cumprimento das metas preestabelecidas, e não em que momentos ou com que produtividade as tarefas foram realizadas.

 

Toda uma reflexão precisa ser feita antes de incentivar os funcionários a trabalharem em suas casas. Além disso, as empresas devem fazer um estudo do empreendimento e verificar os custos, arcando com a estrutura de tecnologia, equipamentos, banda larga, energia e telefone.

 

Para o funcionário responsável e disciplinado, o "mobile work" pode ser muito vantajoso. Pode significar uma maior flexibilidade de horários, uma maior comodidade e conforto, além de possibilitar que ele concilie mais facilmente a sua agenda profissional e pessoal.

 

Trabalhar fora do escritório pode ser também a hora da verdade para o funcionário, pois trata-se de uma situação onde não há para quem "jogar a culpa", implica na ausência de exemplos de outros profissionais - no que se refere à aprendizado em equipe - e também na ausência de colaboradores para executar tarefas simples, mas que gastam tempo, como tirar xerox ou passar um fax, por exemplo.

 

No entanto, pelo o que foi observados nos últimos anos e segundo pesquisadores da Penn State, com base em 46 estudos sobre "telecommuting ou teletrabalho" conduzidos por duas décadas com 13 mil funcionários, o trabalho móvel tem efeitos favoráveis sobre o trabalhador, com uma maior autonomia percebida, redução no conflito trabalho-família, satisfação com o trabalho, melhor desempenho, intenção maior de manter-se no emprego e um menor estresse. O único impacto desfavorável demonstrado foi a piora no relacionamento com os colegas de escritório.

 

Portanto, o trabalho móvel não pode ser desprezada pelas empresas, que devem avaliar os prós e contras em cada nível hierárquico e em cada modalidade exercida. Além de avaliarem as conseqüências para empresa e funcionários, as organizações devem pensar nos benefícios que o "home office" traz também para a sociedade, uma vez, que até o trânsito da cidade é afetado.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


Veja também

Trigo terá R$ 300 mi para comercialização

O Banco do Brasil alocou ontem recursos controlados da poupança rural no valor de R$ 300 milhões para a co...

Veja mais
Feijão é a cultura mais atingida por falta de chuvas no Paraná

O feijão foi a cultura mais afetada em função da estiagem no Paraná, segundo dados da Secret...

Veja mais
Wal-Mart lamenta os resultados de vendas

A maior varejista mundial, o Wal-Mart, informou ontem que as vendas de dezembro da rede ficaram abaixo da expectativa, e...

Veja mais
Aos 150 anos, Brink’s faz compras no Brasil

Para aumentar a atuação no mercado nacional, a Brink’s especializada em logística de valores,...

Veja mais
Fabricantes miram eficiência energética

Com boa parte do mundo enfrentando uma recessão, os gigantes da indústria que participam da Consumer Elect...

Veja mais
Varejo busca inspiração contra a crise

Neste domingo começa em Nova York a 98ª convenção da National Retail Federation (NRF), o mais ...

Veja mais
Exportação de café é recorde em receita e volume em 2008

A boa qualidade da safra de café e a solidez da demanda externa permitiram com que as exportações d...

Veja mais
Plástico reciclado se valoriza

A indústria doméstica de reciclagem de plásticos é pouco vulnerável à crise mu...

Veja mais
Recorde na exportação de café

As exportações de café foram recorde em 2008, com o embarque de 29,3 milhões de sacas, 4% ma...

Veja mais