Sorvete de vento em popa

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Marca conhecida do público carioca, a sorveteria Sorvete Itália projeta repetir em 2009 o crescimento dos últimos anos. Com 22 pontos-de-venda espalhados pelo Rio, além de Búzios e Macaé, a rede se ancora no aumento de 20% no faturamento em 2008, na comparação com o ano anterior, e na boa relação com os franqueados para continuar a expansão. A idéia é aumentar a presença em shopping centers, bem como chegar a outros estados, em especial São Paulo. A meta é abrir cinco unidades no Rio neste ano. O investimento inicial no negócio varia de R$ 115 mil (quiosque) a R$ 187,5 mil (loja com pelo menos 25 metros quadrados), sem levar em conta aportes no ponto comercial.

 

Consultores de franchising veem com bons olhos a entrada no mercado paulista, mas ponderam que, por conta do clima mais frio, a sazonalidade é um complicador a mais do outro lado da ponte-aérea. Para eles, também é preciso ter atenção com a logística de abastecimento e armanezamento dos produtos, pois esses fatores podem elevar o custo operacional dos futuros franqueados.

 

O ano passado foi realmente proveitoso para a sorveteria. A constante renovação do cardápio e o investimento em ações promocionais, como festivais de sorvetes, somaram-se à abertura de duas novas lojas em bairros estratégicos na cidade Leblon e Jardim Botânico e garantiu o crescimento da empresa, que se intensificou desde a implantação do sistema de franquias, em 2001. A rede, por exemplo, acaba de lançar oito novos sabores de sua linha Gold laranja com cenoura e mel, damasco chip, morango, tangerina e calda de goiaba, iogurte puro, limão siciliano e frutas vermelhas , que foram apresentados durante o III Festival do Iogurte, iniciado este mês.

 

Segundo Simone Vianna, gerente de franquias da rede, a diminuição dos efeitos da sazonalidade na venda dos produtos tem sido decisiva para o aumento do faturamento. "O balanço de 2008 foi altamente positivo. Estamos pouco a pouco diminuindo a sazonalidade do produto, investindo na variação de cardápios e criação de novos sabores adequados às estações. Os festivais de sorvetes também vêm tendo ótimo retorno, ajudando na fidelização dos clientes. A participação em eventos como o Fashion Rio e as duas inaugurações deste ano também foram muito importantes para solidificar a marca. As projeções para 2009 são muito boas", afirma.

 

Otimismo. O otimismo de Simone encontra eco entre franqueados. Sócia da loja na valorizada Rua Olegário Maciel, na Barra da Tijuca, a empresária Flávia Braun acredita que o preço competitivo dos sorvetes contribui para o sucesso e difusão da marca. "Na loja, aberta em 2001, o preço médio dos sorvetes é R$ 3,90. Além disso, ele é saudável, feito com frutas naturais e sem corantes, o que também atrai muitos clientes", afirma. Segundo Flávia, a clientela abrange de jovens a famílias. "O mix de sabores contribui bastante, pois atende a um público bem variado. A linha Gold e os sorvetes dietéticos são bastante populares", revela.

 

A empresária ressalta o suporte fornecido pela rede como um dos pontos mais positivos do negócio. "Reuniões são realizadas bimestralmente e, nelas, participamos diretamente do desenvolvimento de novos sabores. Passamos diversas sugestões e somos, de fato, ouvidos. Os festivais, que partiram dos franqueados, são bons exemplos disso. A parceria é realmente muito firme", avalia.

 

Aberta há seis meses, a loja do Jardim Botânico é a mais nova da rede. O dono, Wilson Bernardo, reforça a opinião de Flávia e se diz plenamente satisfeito com a parceria. "Há suporte logístico e em treinamento. Além disso, nossas idéias e demandas são ouvidas. A qualidade do produto e seu preço competitivo também são outro ponto bastante positivo", afirma.

 

Segundo Bernardo, os custos mais elevados da loja estão nos impostos. "A loja fica num ponto privilegiado na Rua Jardim Botânico, mas, como sou proprietário do imóvel, os custos de ocupação não pesam muito no negócio. Mesmo se não fosse, acho que valeria a pena, pois o retorno tem sido muito bom. Até aqui, o que mais tem pesado são os impostos", revela.

 

Depois de abrir dois pontos-de-venda em 2008, a franquia pretende inaugurar outras cinco unidades este ano no Rio. Segundo Simone Vianna, como a marca já está nos principais bairros da cidade, em alguns casos com mais de uma loja, existe a preocupação em evitar concorrência entre os franqueados.

 

"Já estamos no limite em nossas lojas de rua e focaremos nos shoppings. Dispomos de dois modelos de negócios, quiosque e loja, e não temos preferência por nenhum deles. Acho que a escolha vai depender muito dos perfis dos investidores e, claro, do shopping", afirma a executiva, elegendo BarraShopping, Rio Sul e NorteShopping como prioridades.

 

São Paulo. Outro objetivo, a chegada em outros estados, também deve ser colocado em pauta neste ano. Além de São Paulo, Brasília e Belo Horizonte estão nos planos. Segundo Simone, a expansão para o mercado paulista é conduzida com muito cuidado e planejamento. Por conta das características locais, a sorveteria também vai privilegiar os shoppings.

 

"São Paulo não é uma obsessão, mas, claro, faz parte dos nossos planos. É um mercado representativo e completamente distinto do carioca, com uma sazonalidade maior e um público mais exigente. Por isso, seremos criteriosos na escolha dos franqueados, pois precisamos de alguém bastante ativo e empreendedor. A parceria tem que ser bem afinada", diz.

 

Para Paulo Ancona, da consultoria paulista Vecchi & Ancona, ainda há espaço no segmento de sorveterias na capital paulista. "Nos últimos anos, algumas marcas que poderiam ter se expandido de forma consistente acabaram não o fazendo por problemas de estratégia e gestão, caso da Cremeria Nestlé, Gelateria Parmalat e Sottozero. Com isso, não vejo muitas redes estruturadas por aqui. Talvez o principal player do mercado seja a Freddissimo".

 

Já o consultor André Friedheim, sócio da consultoria Francap, ressalta que, embora a Sorvete Itália seja uma marca carioca, ela é bem conhecida do público paulista. "As marcas cariocas costumam dar certo em São Paulo, casos de Cantão, Bob"s, Farm, entre outras. A sorveteria Mil Frutas chegou recentemente e pode ser considerada um bom exemplo dentro do mesmo segmento. Além disso, os paulistas vão muito ao Rio e, com certeza, conhecem o Sorvete Itália", argumenta.

 

Segundo Friedheim, a sazonalidade pode ser um complicador a mais, mas tudo pode ser resolvido com criatividade. "Uma linha de produtos que possa compensar em parte este fator, como bolos, doces, café, pode funcionar. Desde que não descaracterize a cara do negócio, sempre é válido oferecer produtos agregados", acredita.

 

Os consultores consideram correta a opção da rede em apostar em lojas de shopping num primeiro momento. "As duas alternativas são viáveis desde que o conceito do negócio esteja claro e que os pontos sejam bem escolhidos. No caso desse segmento específico, creio que o início deve ser em lojas de shopping para depois partir para as de rua, onde a visibilidade da marca é maior", acredita Ancona.

 

Friedheim ressalta que a rede precisa ter atenção com a logística de abastecimento e armanezamento dos produtos. "É preciso montar um esquema bem feito e organizado para reduzir ao máximo o custo operacional dos franqueados, que, em comparação ao franqueado carioca, será inevitavelmente mais alto", afirma.

 


Veículo: Jornal do Commercio


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