A Nestlé SA, a maior empresa mundial de alimentos, teve a recomendação de suas ações rebaixada para reduzir exposição pelo analista Pablo Zuanic, do JPMorgan Chase & Co. Zuanic disse prever que a fabricante não conseguirá cumprir a meta de vendas para este ano devido à desaceleração da economia.
As vendas da empresa, excetuando-se aquisições, alienações e transações cambiais, deverão crescer 2,6% este ano, parcela inferior à meta de crescimento de 5% a 6% anuais fixada pela empresa, disse Zuanic em nota encaminhada hoje aos investidores.
Robin Tickle, porta-voz da Nestlé, disse que a empresa não comenta relatórios de analistas. Zuanic, que tinha classificado as ações da Nestlé como neutras, torna-se apenas o segundo analista da Nestlé dentre os 37 consultados pela Bloomberg a ter uma recomendação negativa para a companhia.
Ele disse que a desaceleração da economia mundial deverá levar as empresas produtoras de alimentos a baixar os preços, o que obrigará a Nestlé a seguir seu exemplo ou a gastar mais em publicidade para manter os consumidores fiéis a suas marcas.
Os papéis da empresa chegaram a cair até 2,1% em Zurique e foram os que mais recuaram do índice referencial de ações da Suíça. "O foco no cumprimento da meta de 5% a 6% pode ter de se manter às custas da expansão das margens", disse o analista.
Segundo ele, a pressão para cumprir as metas pode implicar mais gastos de marketing e fixação de preços mais agressiva.
Preços. A Nestlé, que elevou o crescimento dos seus lucros nos últimos anos recorrendo ao aumento dos preços, a fim de fazer frente à inflação, perdeu participação de mercado em todas as suas principais categorias de alimentos na Europa Ocidental nos nove primeiros meses do ano passado, disse Zuanic, atribuindo a informação a dados da empresa de pesquisa Nielsen.
A margem de lucro operacional da Nestlé deverá cair 0,1 ponto percentual este ano, com a corrosão dos lucros imposta pelos custos de marketing e pelos cortes de preços, acrescentou.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ