Nintendo precisa de novos heróis para resgatar lucro

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Na Electronic Entertainment Expo, em Los Angeles, a Sony e a Microsoft apresentaram, em junho, novos consoles e jogos programados para chegar às lojas antes do Natal. A principal novidade da Nintendo na maior feira de videogames do mundo foi o quinto adiamento de lançamento de jogos desde outubro. Os videogames direcionam as vendas de consoles, e o mais novo sistema da Nintendo, o Wii U, não tem sido exatamente um sucesso estrondoso. Entre seu lançamento, em novembro, e o fim de março, a companhia vendeu 3,45 milhões de Wii U, com preços que variam de US$ 300 a US$ 350. O volume é 37% menor que a estimativa inicial de 5,5 milhões de unidades e cerca de 40% menos que as unidades do Wii original vendidas no mesmo período após seu lançamento em 2006, segundo uma análise do Citigroup.

Na Electronic Entertainment Expo, em Los Angeles, a Sony e a Microsoft apresentaram, em junho, novos consoles e jogos programados para chegar às lojas antes do Natal. A principal novidade da Nintendo na maior feira de videogames do mundo foi o quinto adiamento de lançamento de jogos desde outubro. Os videogames direcionam as vendas de consoles, e o mais novo sistema da Nintendo, o Wii U, não tem sido exatamente um sucesso estrondoso. Entre seu lançamento, em novembro, e o fim de março, a companhia vendeu 3,45 milhões de Wii U, com preços que variam de US$ 300 a US$ 350. O volume é 37% menor que a estimativa inicial de 5,5 milhões de unidades e cerca de 40% menos que as unidades do Wii original vendidas no mesmo período após seu lançamento em 2006, segundo uma análise do Citigroup.

A queda das vendas pode ser em parte atribuída à entrada dos smartphones e tablets no mercado global de US$ 58 bilhões de videogames tradicionais, mas também se deve a uma escassez de títulos consagrados da companhia que criou o "Super Mario Bros.", "Donkey Dog" e "The Legend of Zelda". Para mudar isso, a Nintendo está fazendo algo outrora inimaginável para uma companhia japonesa: terceirização do desenvolvimento de jogos para uma rede de 1,8 milhão de programadores, incluindo diletantes, para aumentar o tamanho de seu acervo.

A companhia aliou-se à Unity Technologies, uma empresa de San Francisco que fabrica o software usado amplamente para adaptar videogames para smartphones e tablets para várias plataformas. "Com a expansão dos negócios digitais, haverá ainda mais oportunidades para se fazer negócios com desenvolvedores de softwares pequenos e independentes", disse Satoru Iwata, presidente da Nintendo, em uma apresentação na feira E3, nos EUA.

Isso é uma virada e tanto para uma companhia que vigiava com unhas e dentes suas licenças de desenvolvimento, às vezes processando empresas que vendiam jogos para os consoles Nintendo sem sua aprovação. A maioria dos jogos produzidos para seus sistemas vem de estúdios maiores.

Embora a Nintendo tenha mais que triplicado seus gastos com pesquisa e desenvolvimento na última década, a empresa não criou nenhum personagem de grande sucesso. Com o acordo com a Unity, a companhia está criando uma rede maior e seu acervo de videogames poderá se sobrepor ao da iTunes Store. "Os videogames casuais, jogados em dispositivos móveis estão ganhando importância", diz Tomoaki Kawasaki, um analista da IwaiCosmo Holdings, "e fabricantes de jogos como a Nintendo não estão conseguindo oferecer algo digno de concorrência."

Quase todos os títulos do Wii rodam no Wii U, mas poucos clientes vão comprar o novo console para se divertir com jogos feitos para o modelo anterior. Até março, a Nintendo havia vendido 13,4 milhões de jogos para o Wii U, menos da metade do número referente ao primeiro Wii com o mesmo tempo de lançamento, segundo afirma o Citigroup. O controle do Wii U, que possui um sistema toque de tela embutido entre dois joysticks e uma dezena de botões, vem desanimando os jogadores casuais, que preferiam o sistema remoto de sensor de movimentos do Wii original. Os novos adiamentos da Nintendo envolvem as edições Wii U de suas séries Fit e Party, ambas agora previstas para serem lançadas até o fim do ano, em vez do terceiro trimestre.

Há muito tempo a companhia tenta fazer grandes estúdios de software desenvolverem jogos para seus sistemas. Historicamente, seus consoles são menos potentes que os aparelhos de outras empresas e têm controles incompatíveis. Isso significa que é difícil para os programadores transferirem para outros sistemas seus trabalhos feitos para o Nintendo, assim como é para os fabricantes de aplicativos tentar transferir para os telefones fabricados pela Nokia os softwares que criaram para o iPhone.

A Electronic Arts (EA), principal fabricante de videogames esportivos, lançou apenas quatro jogos para o Wii U, em comparação a 78 para o Wii; um porta-voz da EA disse em maio que a companhia não tem mais jogos para o Wii U em desenvolvimento.

Quando Iwata anunciou o Wii U no ano passado, ele disse que uma linha consistente de títulos seria muito importante para evitar o erro que a Nintendo cometeu com seu sistema portátil 3DS em 2011. Seis meses depois do lançamento do 3DS, a companhia reduziu seu preço por causa das vendas fracas. Agora, poderá ser forçada a fazer o mesmo com o Wii U: o Citigroup espera que a Nintendo venda 6 milhões de consoles e 31,3 milhões de jogos para o Wii U até o fim do primeiro ano do sistema no mercado, em comparação a 18,6 milhões de Wiis e 120 milhões de jogos para o Wii no primeiro ano desse sistema. (A Nintendo prevê a venda de 9 milhões de Wii Us no ano fiscal de 2013.) "Acreditamos que a Nintendo terá dificuldades para escapar da demanda fraca sem um grande corte no preço", disse Soichiro Fukuda, analista do Citigroup, em um relatório divulgado em junho.

Yasuhiro Minagawa, porta-voz da Nintendo, diz que a Unity ajudará a ampliar as opções para os jogadores do Wii U, e que a companhia não pretende reduzir seus preços. Mas a Unity já oferece softwares de desenvolvimento para o PlayStation 3 da Sony e o Xbox 360 da Microsoft, e os jogadores casuais não sairão correndo para comprar um console para poder jogar "Angry Birds" e outros títulos que estão disponíveis em seus smartphones e não tiram vantagem do sistema de controle do Wii U, afirma Michael Pachter, analista da Wedbush Securities. "Não sei se isso fará muita diferença. Se essas iniciativas simplesmente aumentam o número de títulos, não vejo como isso poderia contribuir para o aumento das vendas de consoles", disse Pachter.

Se não conseguir fazer incursões antes do lançamento, neste ano, do PlayStation 4 (ao preço de US$ 400, nos EUA), e do Xbox One (US$ 500), a Nintendo provavelmente perderá a vantagem que tinha contra os concorrentes mais caros quando lançou o Wii pela primeira vez por US$ 250.

Os riscos também são maiores para a Nintendo, que obtém quase toda a sua receita das vendas de videogames, em comparação a menos de 20% no caso das duas concorrentes, segundo revela Masamitsu Ohki, um gestor de fundos da Stats Investment Management, de Tóquio. (Também mais bem diversificado está o Google, que segundo noticiou o "The Wall Street Journal" está produzindo seu próprio console de videogames.) "A Nintendo não pode falhar porque não tem outra alternativa para obter lucros", diz Ohki.

Iwata, da Nintendo, disse aos acionistas durante a assembleia anual, em 28 de junho, que a companhia também redobrará seus esforços para lançar novos títulos. Ele afirmou que o ímpeto das vendas tornará o Wii U mais atraente para outros fabricantes de videogames, e que a companhia não pretende eliminar empregos. Se não houver mais atrasos, os novos "Mario Kart" e "Super Mario Bros." provavelmente serão grandes sucessos, e o Wii U poderá muito bem ganhar vida em seu segundo ano, como fez o 3DS com os jogos da Nintendo como as sagas "Donkey Kong Country Returns 3D" e "Luigi's Mansion: "Dark Moon". Mesmo assim, o acionista Masao Katsuura, que participou da assembleia, disse: "A única maneira de aumentar os lucros é vender bons títulos de softwares. Estou preocupado com a capacidade da companhia de lançar jogos conforme seus planos". (Tradução de Mário Zamarian)



Veículo: Valor Econômico


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