O aumento acompanha o incremento da área plantada no Brasil Central.
A produção de trigo no Brasil Central (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Oeste da Bahia e Distrito Federal) terá um aumento em torno de 10% na safra deste ano. O acréscimo na produção acompanha o crescimento de áreas plantadas na região. Em Minas Gerais, foram 28 mil hectares com a cultura, em Goiás, 12 mil e no Mato Grosso do Sul, 10 mil hectares. O Oeste da Bahia e o Distrito Federal plantaram, respectivamente, mais mil e 1,5 mil hectares. Com o crescimento das áreas de plantio e, conseqüentemente, com o aumento da produção, a triticultura no Brasil Central recupera a redução verificada nas últimas duas safras e reflete o aquecimento do setor em todo o país.
No Brasil, a área de plantio de trigo, neste ano, alcançou 2 milhões de hectares e a estimativa de produção é de mais de 5 milhões de toneladas. "O cenário é positivo em função dos bons preços, os estoques reduzidos e uma demanda aquecida no mercado nacional e internacional", avalia o pesquisador Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Para o pesquisador, a área plantada no Brasil Central só não foi maior por causa do alto preço do feijão, que fez com que os agricultores preferissem substituir a cultura. No entanto, muitos produtores optaram por plantar o trigo pela necessidade de fazer rotação de culturas. Isso porque o grão, como gramínea, é uma planta supressora de doenças do solo, principalmente em áreas irrigadas por pivô central.
Com a forte demanda pelo trigo nacional, ocasionada pela alta valorização do dólar, os preços seguem em alta no mercado. De acordo com Albrecht, o produtor que ainda dispõe de trigo está comercializando a tonelada por R$ 850. A partir de setembro, com a entrada no mercado da safra oriunda do Cerrado, o preço deve cair e ficar entre R$ 750 e R$ 800 a tonelada. O triticultor da região Central tem a vantagem de o trigo do Cerrado ser o primeiro colhido no país, o que favorece a sua comercialização. Além dos preços de mercado, é também o período de escassez do produto, por ser a entressafra da produção nacional.
Doenças - Atualmente, a maior parte do trigo cultivado com irrigação no Cerrado está no estágio do "espigamento". Essa fase é considerada crítica em relação à incidência de doenças. O principal risco é a brusone, doença provocada pelo fungo Pyricularia grisea. O sintoma típico da brusone é o branqueamento parcial da espiga, comumente da metade para o ápice. Embora possa afetar outras partes, como as folhas, é mais comum, principalmente no Cerrado, atingir as espigas. Nas folhas, as lesões são elípticas, com o centro claro acinzentado e as margens de cor marrom escuro.
Para diminuir a intensidade da doença, os produtores devem antecipar as aplicações de fungicidas. A primeira aplicação deve ocorrer logo no início do espigamento e as duas seguintes, a cada 10 dias. Se as condições climáticas não estiverem favoráveis ao surgimento da doença, esse intervalo pode ser estendido para 15 dias. As lavouras que ainda estão na fase anterior ao espigamento também devem antecipar as aplicações preventivas.
"Como estão ocorrendo chuvas anormais para esta época do ano, o produtor que ainda estiver com sua lavoura na fase de emborrachamento pode adiantar as aplicações", recomenda Albrecht. De acordo com o pesquisador, os fungicidas mais indicados para evitar o avanço da doença na lavoura são os produtos com as misturas dos princípios ativos estrobirulina e triazol. Outro produto que tem sido eficiente no controle da brusone é o que contém carbendazin mais estrobirulina e triazol. (As informações são da Embrapa)
Veículo: Diário do Comércio - MG