USDA vê estoque maior de soja em 2013/14

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O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou ontem sua estimativa para a produção e os estoques finais mundiais de soja da safra 2013/14, mas desenhou um cenário um pouco mais apertado do que se previa para a oferta de trigo e milho.

Em seu relatório mensal de oferta e demanda, o governo americano previu que o mundo vai colher 285,9 milhões de toneladas de soja no novo exercício. Trata-se de um aumento de 0,2% em relação à estimativa de junho e de 6,6% em relação ao volume colhido na safra anterior.

Segundo o USDA, a colheita deve ser suficiente para suprir um aumento esperado de quase 17% na demanda da China, que responde por quase dois terços das importações totais, e assegurar estoques globais 20,5% maiores ao fim da temporada.

O crescimento deve ser puxado pelos Estados Unidos, o maior produtor mundial da oleaginosa. A previsão é que os americanos colham 93,08 milhões de toneladas de soja, quase 1% a mais que o estimado em junho e 13,4% a mais do que na safra passada, castigada pela seca.

Com isso, o USDA elevou em 11% sua previsão para os estoques domésticos de passagem da safra 2013/14, a 8 milhões de toneladas, número que ficou acima das estimativas médias do mercado. O volume é 135% maior do que o remanescente da safra 2012/13.

Ao contrário do que fez em relação à soja, o USDA reduziu marginalmente suas estimativas para a produção e os estoques globais de milho. Agora, a previsão é que o mundo colha 959,8 milhões de toneladas do grão, 0,3% menos do que se esperava em junho, e que os armazéns contenham 151 milhões de toneladas ao fim da safra, 0,6% menos.

Contudo, trata-se de um aumento de 12% (superior a 100 milhões de toneladas) na produção e de 22% (cerca de 27 milhões de toneladas) nos estoques em relação à safra 2012/13, um reflexo da recuperação da safra nos EUA. De acordo com o USDA, os produtores americanos vão colher 354,35 milhões de toneladas de milho neste ano, 29% a mais que no ano passado.

Essa colheita é 0,4% menor do que o USDA previa em junho, reflexo de um pequeno corte na estimativa de área a ser colhida no país. Mas como os americanos devem exportar menos do que estimou no mês anterior, o USDA subiu sua projeção para os estoques ao fim da safra, a 49,77 milhões de toneladas. O volume é duas vezes e meia superior ao remanescente de 2012/13 (18,5 milhões de toneladas).

Em seu ajuste mais brusco, o USDA diminuiu em 4,9%, para 172,38 milhões de toneladas, sua projeção para os estoques mundiais de trigo ao fim da safra 2013/14. A redução deve-se a um corte no volume remanescente da safra anterior e a um aumento da demanda da China por trigo dos EUA e da União Europeia.

Apesar disso, a estimativa para a colheita global de 2013/14 foi elevada em 0,3%, para 697,80 milhões de toneladas. O volume é 6,5% (cerca de 42,5 milhões de toneladas) maior do que o colhido no ciclo 2012/13.

O mercado reagiu com indiferença aos números. Na bolsa de Chicago, os contratos de soja com vencimento em novembro (posição mais negociada, contra as quais serão entregues os primeiros lotes da safra 2013/14) fecharam em alta de 0,47%, a US$ 12,9075 por bushel, enquanto o milho para entrega em dezembro subiu 1%, a US$ 5,27 por bushel. O trigo para setembro fechou a US$ 6,83 por bushel, alta de 0,54%.

Com as lavouras de milho e soja dos Estados Unidos prestes a entrar em sua fase mais crítica de desenvolvimento, os investidores parecem mais ocupados com o clima no "Corn Belt" - e, desde quarta-feira, também mais preocupados, depois que a meteorologia indicou a formação de uma onda de calor sobre o cinturão na semana que vem.

A avaliação é que, devido ao atraso no plantio, por causa do excesso de chuvas entre abril e maio, as lavouras americanas estão mais vulneráveis a condições climáticas hostis. Por isso, a tendência é que o mercado fique particularmente volátil nas próximas quatro semanas, período de definição da safra.



Veículo: Valor Econômico


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