Safra menor de algodão deve enfrentar barreiras para escoar

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A safra de inverno do algodão encolheu, mas mesmo assim os produtores da pluma já anteveem dificuldades para escoar a pluma, que deve concorrer com a superprodução de milho de segunda safra. As duas safras de inverno têm Mato Grosso (MT) com o principal estado produtor e estão sendo colhidas neste mês.

Segundo o produtor Otávio Augusto Palmeira, diretor da Fazenda São José, em Primavera do Leste (MT), "desde o ano passado [o escoamento do algodão] virou um problema diário".

"Vai ter problema de [falta de] caminhão; vão ficar muito tempo parados na estrada, como vem ocorrendo desde o início do ano", estima Arlindo Moura, diretor-presidente do Grupo Vanguarda, que plantou neste ano 12 mil hectares de algodão em várias fazendas em Mato Grosso, Goiás, Piauí, Bahia e Minas Gerais.

Já a analista de fibras do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Elisa Gomes, acredita que a preocupação maior dos produtores deverá ser principalmente com o custo do frete da pluma para os portos. "Geralmente as transportadoras que fazem transporte de algodão fazem também de soja e milho. Mas o caminhão que carrega algodão tem que cumprir com mais exigências", observa Gomes.

Na última semana, o preço cobrado para transportar uma tonelada de Rondonópolis (MT) até o Porto de Santos ficou em R$ 225, alta de 30% com relação ao preço do frete na mesma época do ano passado. Ela acredita que o preço de transporte do algodão para os portos ainda tem uma margem de crescimento de mais 10%, mas não descarta uma alta para até R$ 300, como já ocorreu em safras passadas.

O Grupo Vanguarda, por exemplo, ainda está negociando o preço do frete para escoar 34,9 mil toneladas de algodão em caroço que suas fazendas deverão colher até setembro. Mas Arlindo Moura já calcula que os preços subiram ao menos 50% entre o ano passado e este.

Otávio Palmeira afirma que também tem percebido o mesmo nível de variação de custo de frete na região de Primavera do Leste. "Houve um aumento de 50% a 60% no frete", calcula. O cotonicultor atribui a alta à lei 12.619/12, conhecida como Lei do Caminhoneiro, que estabeleceu carga horária e garantiu outros direitos trabalhistas para os motoristas.

Diferentemente do caso do milho, que enfrenta problemas de escoamento por causa da alta produção, a dificuldade logística prevista pelos produtores de algodão vem em um ano de safra bem menor do que o ano passado. Em todo o País, a produção da pluma prevista para esta época caiu 32,8% com relação à safra passada, para 1,2 milhão de toneladas. A queda é consequência do recuo de 35,8% da área plantada, que totalizará neste ano 895 mil hectares em todo o País.

Retomada de produção

Esse recuo deve ser revertido no próximo ano. Os dois produtores consultados pelo DCI afirmaram que vão aumentar a área plantada com algodão para a próxima safra devido à maior rentabilidade da pluma com relação à soja. O Grupo Vanguarda deverá plantar 14,4 mil hectares de algodão na próxima safra, 20% a mais do que a área atual, de 12 mil hectares. Ainda assim, a área estimada é bem menor do que os 40 mil hectares plantados entre 2011 e 2012.

Palmeira afirma que a Fazenda São José também aumentará a área na próxima safra. A previsão, segundo o produtor, é voltar aos 5,5 mil hectares que foram cultivados com algodão no ano passado. Neste ano, a fazenda plantou 4,4 mil hectares com a pluma.


Veículo: DCI


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