Geadas previstas para os próximos dias no Paraná, maior produtor de trigo do Brasil, poderão afetar a qualidade da colheita e reduzir o volume produzido, levando o Brasil a buscar uma quantidade ainda maior do produto em países do Hemisfério Norte neste ano, disseram nesta terça-feira um corretor e um executivo da indústria.
O Simepar, instituto de meteorologia do Paraná, prevê geadas em praticamente todo o estado, inclusive na faixa norte, onde a ocorrência do fenômeno é menos corriqueira, com a mais forte massa polar dos últimos anos avançando sobre as lavouras paranaenses hoje e amanhã.
O Ministério de Agricultura previu que o Paraná poderia produzir 2,7 milhões de toneladas, de um total de 5,6 milhões que o País espera colher este ano.
Com a eventual quebra da produção, o Brasil, que enfrenta no momento uma escassez de trigo e preços em patamares elevados, teria que ampliar ainda mais as compras externas.
"Por mais que não tenhamos frio muito forte, alguma coisa (da safra) vai pegar e vai ser preciso importar trigo de qualidade para mesclar", disse um corretor em Campo Mourão (PR), onde o céu abriu ontem, favorecendo a ocorrência de geadas.
Segundo o corretor, que pediu para não ser identificado, o problema climático poderia levar o Brasil a importar pelo menos 1 milhão de toneladas adicionais neste ano, além do projetado, considerando que boa parte do cereal paranaense está vulnerável a geadas.
O País já tem recorrido ao trigo de fora do Mercosul para complementar as necessidades internas, após uma quebra de safra no Brasil e nos países do bloco econômico, especialmente na Argentina, que reduziu o plantio na temporada passada.
Veículo: DCI