A deflação do tomate

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Queda de preços de alimentos, bebidas e tarifas de ônibus pode derrubar o índice oficial de inflação

Poucos consumidores detectam tão bem a escalada de preços como as donas de casa. Criteriosas nos gastos, elas pesquisam e pechincham incansavelmente. Na quarta-feira 24, um diálogo entre duas senhoras de meia-idade no supermercado Extra do bairro do Itaim, na zona sul de São Paulo, talvez resuma bem o atual cenário prospectivo da inflação no Brasil. “Nossa, o quilo do tomate está custando apenas R$ 1,95”, disse uma das donas de casa. “E pensar que a gente pagou mais de R$ 10 há pouco tempo”, afirmou a outra. De fato, não é preciso ser economista nem acompanhar com lupa os dados divulgados pelos institutos de pesquisa para saber que os preços de alguns itens da seção de frutas, legumes e verduras despencaram nas últimas semanas.
 

IPCA de julho pode ficar perto ou abaixo de 0%

 
O IBGE captou tal movimento no período de 14 de junho a 12 de julho, ao registrar queda de quase 17% no tomate, 10% na couve-flor e 4% no feijão carioca (leia quadro abaixo). A deflação de alimentos e bebidas, aliada à queda nas tarifas de ônibus, derrubou a inflação nas últimas semanas e gerou uma expectativa de que o índice oficial, o IPCA, encerre o mês de julho perto ou até mesmo abaixo de 0%. Na segunda-feira 22, o boletim Focus, que reúne projeções de cerca de 100 instituições financeiras, reduziu pela terceira semana seguida a estimativa para a inflação oficial em 2013, agora em 5,75%.
 
Se confirmada, a taxa será inferior à do ano passado, de 5,84%, embora ainda esteja distante do centro da meta de 4,5%. Há no horizonte, no entanto, duas preocupações. A primeira é o frio intenso que castigou parte do País nos últimos dias. “As temperaturas muito baixas podem ter impacto nas hortaliças e na carne bovina”, diz o professor da USP Heron do Carmo, especialista em inflação. O segundo ponto que certamente é acompanhado com atenção pelo Banco Central é a desvalorização do câmbio, que no ano chega a 10%. O próprio presidente da instituição, Alexandre Tombini, já reconheceu que, para cada 20% de desvalorização do real, a inflação
sobe um ponto percentual.



Veículo: Istoé Dinheiro


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