Petrobras, ferro, açúcar e álcool baqueiam comércio

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Balança comercial tem pior resultado em 20 anos: deficit de US$ 5 bi desde janeiro

Venda menor de petróleo, queda no preço das commodities e compra maior de derivados foram principais causas

As dificuldades operacionais da Petrobras atingiram em cheio a balança comercial brasileira, diferença entre as exportações e importações do país. Em julho, o deficit foi de US$ 1,9 bilhão, o pior resultado para o mês, considerando a série iniciada em 1993.

No ano, o saldo negativo é de US$ 5 bilhões, outro recorde histórico, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento.

A baixa produção da Petrobras, que vem realizando paradas técnicas em plataformas de exploração, fez com que as exportações de petróleo caíssem 51% em julho ante o mesmo mês de 2012.

Já as compras no exterior de petróleo e derivados dobraram no mesmo período diante da capacidade insuficiente de refino da estatal.

Com isso, a conta petróleo (diferença entre o que o país vende e compra de petróleo e derivados) ficou US$ 3,5 bilhões no vermelho em julho.

No ano, o deficit nessa rubrica já chega a US$ 15,4 bilhões. Apesar de ser historicamente deficitária, a conta petróleo nunca chegou nem perto de um saldo negativo tão expressivo. No ano passado inteiro, por exemplo, o deficit foi de US$ 5,3 bilhões.

"Não é um problema de mercado externo, é um problema relacionado à empresa. Não conseguimos produzir. O Brasil depende de importações de petróleo e ficar tão vulnerável no quesito venda é um problema", afirma Felipe Salto, economista da consultoria Tendências.

A queda no preço de commodities importantes, como minério de ferro --principal produto da pauta exportadora do país--, açúcar e etanol, complicou ainda mais o cenário. Em julho, a cotação desses produtos alcançou o menor patamar no ano.

O governo segue fiel à estimativa de saldo positivo na balança comercial em 2013. Mas já faz contas. "De fato a conta petróleo nos preocupa", afirmou Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior. A estimativa para os próximos meses, segundo ela, ainda não é suficiente para rever a expectativa inicial.

A aposta do governo é que a Petrobras conseguirá recuperar sua produção e a desvalorização do real poderá incentivar exportações.

Por outro lado, a decisão do governo de reduzir a alíquota de importação de cem produtos, anunciada ontem, pode elevar as compras.

"A cada mês, o superavit se torna mais difícil, porque não há tempo hábil para retomada e os preços estão caindo", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior, que projeta deficit de US$ 2 bilhões neste ano.



Veículo: Folha de S. Paulo


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