Governo libera R$ 60 milhões e ameniza crise da citricultura

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O anúncio feito ontem pelo governo federal de que irá liberar na próxima semana o pagamento de R$ 60 milhões relativos a leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) de laranja, que estavam suspensos desde fevereiro, foi recebido com alívio pelos produtores de citros, que enfrentam uma forte crise por causa de baixos preços e ataques de pragas.

A decisão foi tomada durante a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Citricultura, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Marco Antônio dos Santos, afirmou ao DCI que o valor é referente ao pagamento de 8 milhões de caixas de laranja que foram comercializadas em 12 leilões ocorridos entre setembro do ano passado e janeiro deste ano.

Pelo leilão, o governo subsidiou R$ 4,48 pela caixa de 40,8 quilogramas, o que garantia que os produtores recebessem R$ 10,10 pela caixa.

Porém, os pagamentos foram suspensos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em fevereiro após denúncias de fraude no último leilão. Dos 260 arrematantes fiscalizados, foram detectados 78 com indícios de irregularidade, 30% do total.

Com a suspensão, produtores que não estavam na lista de suspeitos também ficaram sem receber o pagamento. "Muitos produtores estavam aguardando esse valor para cobrirem seus custos e fazerem novos investimentos", explicou ao DCI Ronaldo Bergamaschi, diretor do sindicato rural de Itápolis, um dos maiores produtores de citros de São Paulo.

Os pagamentos começarão a ser feitos a partir de 5 de agosto e mais de mil produtores deverão ser beneficiados. Segundo Marco Antônio, a liberação da verba deverá obedecer a critérios já estabelecidos pela Conab. Mas uma fonte do setor afirmou ao DCI que acredita que os citricultores que participaram do último leilão poderão não conseguir acessar o pagamento.

Mais medidas

Durante a reunião em Brasília, os produtores apresentaram uma extensa pauta de reivindicações ao ministro Antônio Andrade, entre elas o retorno da laranja à Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). "Sem isso não se consegue novos leilões", explica Marco Antônio.

Outras reivindicações são a revogação e o refinanciamento de dívidas, o financiamento para securitização de dívidas, crédito para erradicação de pomares improdutivos e para custeio e investimento.

Segundo o presidente da câmara setorial, "o ministro pegou a pauta e mandou dar sequência" dentro do ministério.

A única reivindicação que não foi aceita pelo ministro foi a inclusão do suco de laranja 100% natural entre os produtos desonerados da cesta básica. Segundo Marco Antônio, o governo indicou que esse tema deve ser discutido pelo Congresso Nacional. "Agora é outro trabalho político que tem que ser feito", defendeu.

A assessoria do Mapa informou que só dará detalhes sobre o acordo feito na reunião da última sexta-feira.

Crise do setor

O diretor do sindicato rural recordou que os leilões do ano passado eram a oportunidade dos produtores para conseguirem vender as laranjas, já que muitas frutas estavam apodrecendo nos pés por falta de interesse da indústria em comprá-las. Ainda assim, houve perdas. Enquanto a indústria aponta para 30 milhões de caixas perdidas na última safra, produtores indicam que as perdas somaram 60 milhões de caixas.

Para este ano, o setor crê que o problema não deve se repetir, já que haverá uma quebra de safra. "A estimativa de safra que predomina é da indústria, de 268 milhões de caixas. A indústria vai processar, vai adquirir essa fruta. Não acredito que haja excedente de produção", opinou o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, ao DCI.



Veículo: DCI


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