Recuperação da oferta global de grãos continua inabalável

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O Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) reduziu sua projeção para os estoques mundiais de cereais e oleaginosas ao fim da safra 2013/14, mas manteve a perspectiva de recuperação da oferta em relação à temporada anterior.

Em relatório divulgado ontem, o IGC, que tem sede em Londres, projetou a produção mundial de trigo e grãos forrageiros, grupo que inclui o milho, em 1,92 bilhão de toneladas - praticamente estável em relação à estimativa anterior, de 1,91 bilhão.

No entanto, a previsão para os estoques de passagem desses produtos foi reduzida em 4 milhões de toneladas, para 362 milhões, reflexo de um aumento semelhante no consumo, projetado em 1,887 bilhão de toneladas.

Em relação ao ano passado, no entanto, a produção mundial de trigo e grãos forrageiros deve aumentar em 134 milhões de toneladas, ou 7,5%, e os estoques, em 33 milhões de toneladas, ou 10%.

Os estoques de passagem dos países exportadores devem crescer quase 40%, para 127 milhões de toneladas, depois de cair para o menor patamar em 17 anos na temporada 2012/13. Em grande parte, o aumento reflete a recuperação das safras de milho e soja dos EUA, duramente castigadas pela seca no ano passado.

De acordo com as informações do IGC, a produção mundial de milho deverá somar 942 milhões de toneladas, 4 milhões a menos do que o estimado em junho. Ainda assim, trata-se de um aumento de 83 milhões ou 9,6% em relação à safra passada. Além dos EUA, China e Ucrânia devem registrar colheitas recorde de milho no ciclo 2013/14.

A estimativa para os estoques mundiais de passagem de milho foi reduzida em 1 milhão de toneladas, a 148 milhões - ainda assim, 28 milhões ou 23% a mais do que em 2012/13. Nos quatro maiores países exportadores, esses estoques devem aumentar para 59 milhões de toneladas, maior patamar em nove anos.

O IGC afirmou, ainda, que o comércio mundial de milho deve ser o maior em seis anos, puxado pelo aumento das importações chinesas, mas que dificilmente vai retomar os níveis de 2007/08.

No caso da soja, a instituição elevou em 1 milhão de toneladas, para 285 milhões, sua estimativa para a produção mundial em 2013/14, um incremento de 17 milhões de toneladas, ou 6,3%, ante 2012/13. Os estoques de passagem foram projetados em 34 milhões de toneladas, 1 milhão a mais do que na estimativa de junho. Em relação à safra passada, trata-se de um aumento de 8 milhões de toneladas ou 30%.


Exportação brasileira de soja e derivados renderá 8% mais


As exportações de soja em grão do país deverão somar 39,5 milhões de toneladas entre fevereiro deste ano e janeiro de 2014, conforme nova estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Nas projeções que divulgou em meados deste mês, a entidade previa 39 milhões de toneladas.

O volume adicional, turbinado pelos embarques recorde no primeiro semestre, virá de uma queda de 500 mil toneladas no processamento da matéria-prima para a fabricação de derivados, agora dimensionado em 36,7 milhões de toneladas no intervalo, pouco acima das 36,2 milhões do período de 12 meses que terminará em janeiro.

A Abiove manteve a estimativa para a produção de grãos na safra 2012/13 em 81,6 milhões, 20,1% mais que em 2011/12, quando uma seca derrubou a colheita no Sul. A associação também não alterou as previsões para a produção de farelo e óleo de soja entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. A de farelo está estimada em 28,3 milhões de toneladas, 2,5% superior a do ano-móvel anterior, e a de óleo ficará em 7,1 milhões de toneladas, em alta de 2,4%.

Com essas mudanças, a entidade também ajustou suas projeções para as exportações do "complexo soja", que inclui grão, farelo e óleo. A receita total em 2013 passou a ser prevista em US$ 28,295 bilhões, 8,3% mais que em 2012 (ver tabela). A nova estimativa está em linha com as dos últimos meses. Apesar de ter elevado o volume anual projetado para os embarques do grão, a tendência das cotações é de queda graças à recuperação da oferta global (ver matéria ao lado).

Em julho, de acordo com a Secex, as vendas de soja em grão ao exterior somaram 5,658 milhões de toneladas e renderam US$ 3,060 bilhões. Em relação a junho, o volume caiu 12,9% e a receita, 11%. Na comparação com julho do ano passado, houve aumentos de 37% e 36%, respectivamente. Cerca de 85% do volume previsto para o ano já foi embarcado.


Embarques do país deverão aumentar em 2013


As exportações brasileiras de suco de laranja somaram 149,6 mil toneladas e renderam US$ 155,5 milhões em julho, segundo levantamento divulgado ontem pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic). Em relação a junho, o volume cresceu 8,5% e o valor dos embarques subiu 0,8%. Na comparação com julho do ano passado, contudo, o volume recuou 26% e a receita registrou baixa de 27,2%.

Com a retomada de julho e o ritmo mais acelerado das vendas ao exterior nos primeiros cinco meses do ano, com destaque para o crescimento dos embarques aos Estados Unidos, a tendência é que o resultado anual seja positivo para as exportações. Em 2012, foram 1,097 milhão de toneladas, 5% menos que em 2011, que renderam US$ 2,276 bilhões, uma queda de 4,2% na mesma comparação.

As adversidades climáticas e fitossanitárias que prejudicam a produção na Flórida têm colaborado para o aumento das exportações brasileiras que deverá dar o tom neste ano. Nos últimos meses, os problemas no Estado americano, que reúne o segundo maior parque citrícola do mundo - menor apenas que o paulista - têm oferecido suporte às cotações internacionais do suco.

Na bolsa de Nova York, os contratos futuros de segunda posição de entrega do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês), encerraram julho com cotação média mensal 2,54% inferior à de junho. Mas em relação à média de julho de 2012, houve um aumento de 20,2%, conforme o Valor Data.

Ontem, os papéis com vencimento em novembro encerraram a sessão negociados a US$ 1,4490 por libra-peso, com uma valorização de 80 pontos em relação à véspera. Analistas notaram que a valorização do dólar chegou a provocar a queda das cotações, mas que o risco de que tempestades tropicais ainda afetem pomares na Flórida prevaleceu e houve a alta.

Apesar de o mercado de suco estar relativamente sustentado, os preços pagos pelas indústrias exportadoras do produto brasileiro (Cutrale, Citrosuco/Citrovita e Louis Dreyfus Commodities) seguem abaixo dos custos de produção, já que os estoques continuam elevados após duas supersafras seguidas nas temporadas 2011/12 e 2012/13.



Veículo: Valor Econômico


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