Luxo expande vendas focadas no varejo de itens seminovos

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Comprar produtos de grifes sofisticadas no atual cenário econômico, em que a cautela do consumidor é maior do que há alguns anos, é uma equação difícil de resolver. Para milhares de pessoas, a solução passa por empresas especializadas na venda de roupas e acessórios seminovos e usados, segmento que está em expansão.

Focada em marcas de alto padrão, a Personal Brechó captou a oportunidade de vender produtos, que costumam ser muito caros, por um preço mais acessível. Mesmo enfrentando as dificuldades da conjuntura econômica, a empresa carioca de pequeno porte prevê crescimento.

"Oferecemos produtos de luxo, muitas vezes de coleções atuais que a pessoa usou uma vez e resolveu vender", afirma a sócia-diretora Priscilla Cunha.

"Ano passado faturamos cerca de R$ 1 milhão, e mesmo com manifestações, feriados e crise no Rio, devemos alcançar e talvez até ultrapassar esse valor."

Com quatro anos de funcionamento, a Personal Brechó exemplifica o crescimento da venda de seminovos, apesar da operação enxuta. "Começamos como um site, e depois de três anos abrimos uma loja física no bairro do Leblon, devido à grande demanda. Hoje vendemos on-line para todo o País e recebemos cerca de 200 mil visitas por mês."

O site Desapego também figura entre as empresas menores que observaram na intenção de consumir uma oportunidade de negócio. Montado há pouco mais de um ano com um investimento entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, o player faz o intermédio da venda entre usuários de produtos usados ou até novos, cobrando 17% de comissão sobre cada venda.

De acordo com a sócia-proprietária Lívia Pinheiro, o crescimento foi robusto, principalmente com produtos de luxo. "Crescemos 45% em vendas no primeiro semestre deste ano, e pretendemos aumentar 50% ou mais até o fim do ano que vem. A maioria das vendas ocorre porque os preços do Brasil são muito altos, então compensa comprar usado em bom estado." Hoje são mais de 1.600 produtos e 3 mil usuários cadastrados no site.

"Sempre trabalhei com marketing digital, e descobri uma plataforma semelhante nos Estados Unidos", explica Pinheiro.

"Decidimos trazer para cá, e não investimos nada em divulgação, nos mantivemos apenas com o boca a boca. No momento, estamos pegando o lucro e preparando para investir em divulgação, através de blogs e da Internet", detalha o empreendedor.

Maior alcance


De proporções bem maiores e ofertando grande diversidade de produtos, o enjoei evoluiu de um blog criado em 2009 para um dos principais sites de compra e venda de produtos seminovos na internet. Depois de trabalhar na B2W e no Grupo Abril, o cofundador e administrador da empresa Tie Lima levantou investimento de aproximadamente R$ 500 mil para o site funcionar plenamente no ano passado. Os resultados foram mais que satisfatórios. "Nossas expectativas foram superadas já no primeiro dia de funcionamento. Em quatro meses, já estávamos movimentando o negócio apenas com nosso faturamento", afirma Lima.

Hoje são dois milhões e meio de visitas por mês e mais de um milhão de seguidores na página do Facebook, além de 600 mil itens cadastrados entre vestuário, eletrônicos, acessórios e decoração. A remuneração é semelhante à do Desapego: o enjoei fica com 20% do valor de venda dos produtos, ofertados por mais de 70 mil vendedores cadastrados. Para o empresário, "a busca por produtos seminovos é pela oportunidade de manter o consumo. Pessoas sempre vão buscar novos métodos para continuar consumindo, ainda mais em momentos que economia não está tão aquecida".

Para o economista e consultor na área de varejo, Nelson Barrizzelli, essa procura específica sinaliza que os efeitos da atual situação econômica chegaram à população. "Se há demanda, é uma sinalização de que o cenário atual, que se arrasta desde julho do ano passado para cá, está afetando o consumidor, que procura itens a preços menores."

O consultor afirma ser cedo para dizer se esse tipo de negócio se transformará realmente em uma tendência.

"Caso se desenvolva, é sinal de que o consumidor realmente está com mais dificuldade de comprar produtos novos. Mas essas novidades precisam ser examinadas cuidadosamente, não é possível dizer ainda se será efetivamente tendência, modismo ou tentativa de ocupar espaço novo no mercado."

Barrizzelli ainda destaca que a ausência no Brasil do hábito de comprar itens usados impede considerar este tipo de negócio uma certeza.

"No exterior, comprar peças usadas não é novidade, já se é observado há anos. Mesmo o aluguel de roupas para ocasiões especiais é um negócio bem limitado. Nos Estados Unidos, por exemplo, alugam-se até coisas mais corriqueiras, como acessórios e sapatos. O problema é fixar isso em um País como o Brasil, sem essa tradição e que está muito mais direcionado para comprar produtos novos", conclui o especialista.



Veículo: DCI


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