Varejo 'tudo por um euro' dispara na UE

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Muitas empresas estão descobrindo o poder da moeda de um euro. Seguindo o exemplo da popularidade das lojas de produtos de um dólar nos Estados Unidos, fabricantes de bens de consumo, restaurantes e varejistas estão cada vez mais desenvolvendo itens de um euro para atrair consumidores preocupados com o orçamento.

Recentemente, a Unilever, a Danone SA, a Starbucks Corp. e o McDonald's Corp. passaram a dar destaque aos produtos que custam um euro num mercado que só agora começa a dar sinais de sair de uma profunda recessão.

"A pobreza voltou à Europa", diz Jan Zijderveld, chefe de produtos de embalagem da Unilever no continente. "Precisamos fazer com que as nossas marcas cheguem aos consumidores que estão tendo dificuldade em fechar as contas no fim do mês."

Como resultado, a etiqueta de um euro (cerca de R$ 3) está surgindo como uma importante ferramenta em resposta à crise. Os fabricantes estão reduzindo o tamanho de produtos existentes para encaixá-los nesse preço, enquanto restaurantes e supermercados dão desconto em alguns itens para atrair a atenção dos consumidores e elevar a rentabilidade na região.

"Um euro é hoje um ponto de preço mágico na Europa", diz Lloyd Burdett, chefe de clientes globais da consultoria Futures Co. "Há uma sensação de que é inevitável que os preços baixem a esse nível de qualquer jeito e de que as margens [das empresas] sejam espremidas."

O conceito de loja de um dólar ganhou espaço na Europa com a cadeia britânica Poundland Ltd.. Fundada em 1990, ela explodiu nos últimos dez anos. Hoje, suas 450 lojas vendem testes de gravidez, lâmpadas, papel higiênico e outros produtos para consumidores de todas as faixas de renda. Ela está abrindo 60 lojas por ano e oferece produtos por uma libra (cerca de R$ 3,60).

O conceito entrou na zona do euro via Alemanha. A líder é a alemã TEDi GmbH, que começou em 2004 e tem aberto cerca de 150 lojas por ano, nas quais a maioria dos itens custa um euro. Só na Alemanha, a TEDi tem hoje mais de 1.300 pontos de venda e começou a se expandir para a Áustria e a Eslovênia.

Assim como ocorreu nos EUA, o modelo de varejo por um euro substituiu a etiqueta de 99 centavos, por ser mais simples e fácil de absorver pelo consumidor.

"O preço de um euro tem impacto imediato", diz Massimo Bellandi, dono de uma barraca de produtos de um euro que vão de higiene pessoal e utensílios domésticos a papelaria e que fica numa feira de rua em Marina di Pietrasanta, no norte da Itália.

O boom está ajudando a limpar o estigma das lojas de um euro, à medida que consumidores - ricos ou pobres - consideram o negócio vantajoso. Como consequência, fabricantes de produtos de consumo que tinham evitado lojas de desconto na Europa estão cada vez mais produzindo itens mais baratos para esses estabelecimentos. Os fabricantes de bens de consumo também abraçaram essa onda como uma forma de combater o crescimento de marcas próprias de supermercados e manter a fidelidade dos consumidores.

Essa tendência se encaixa em outra mais ampla, a de reduzir o tamanho das embalagens, o que permite obter lucros maiores com consumidores de renda menor. A Unilever vem lançando uma série de pequenas embalagens, incluindo algumas com preço de um euro, usando a experiência adquirida em países em desenvolvimento.

Silvana Cocci, de 62 anos, da cidade italiana do Prato, disse que tem se preocupado mais com o orçamento nos últimos anos e passou a consumir produtos de um euro. "Não é que não podemos comprar as coisas, mas você simplesmente não sabe o que vai acontecer", diz.

Na Espanha, a Unilever lançou um pacote do detergente Surf suficiente para cinco lavadas de roupa e que custa um euro. Na Itália, a empresa promove a venda de sorvetes da linha Cornetto por um euro, com o preço estampado na embalagem.

A gigante francesa de produtos lácteos Danone, que tem sido duramente golpeada pela crise na Europa, está recomendando aos varejistas vender o pacote com quatro embalagens da sobremesa Danette por um euro, em vez do preço regular de 1,39 euro.

A rede de cafeterias americana Starbucks lançou há alguns meses uma linha de croissants e bolos menores, por um uro. Na Espanha, Itália e Alemanha, o McDonald's também oferece alguns produtos por um euro.



Veículo: Valor Econômico


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