Rio e Minas estão no radar para investimentos de consumo

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O potencial de consumo de cidades como Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, e Araruama, no Rio de Janeiro, fez com que empresários do setor de shopping centers (malls) diversificassem seus investimentos. Por serem regiões interioranas, locais contam apenas com lojas de ruas e a inserção de um centro comercial de grande porte traz retorno garantido aos investidores.

Esses empresários estão ancorados na pesquisa realizada pelo Atlas de Shopping, ferramenta de análise do setor de malls do Ibope Inteligência, que identificou a existência de dez regiões com maior potencial para receber a primeira operação de shopping center.

Liderando a lista está a cidade de Araruama. Segundo o estudo, um shopping neste município teria influência em outras seis cidades da região: Arraial do Cabo, Iguaba Grande, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.

Juntos, esses municípios somam R$ 1,4 bilhão de demanda de consumo anual para a operação e alcançam um Índice de Produtividade de 253, sendo que um indicador acima de 110 pontos sinaliza mercado carente e com boas condições para receber empreendimentos de médio porte.

Na sequência, vem Conselheiro Lafaiete, com demanda de consumo anual para shopping de R$ 1,05 bilhão e índice de produtividade de 239. Um shopping nesse município exerceria influência também em outras 11 cidades: Casa Grande, Congonhas, Cristiano Otoni, Entre Rios de Minas, Itaverava, Jeceaba, Ouro Branco, Ouro Preto, Queluzito, Santana dos Montes e São Brás do Suaçuí.

Foi justamente para aproveitar esse potencial de consumo que a Partage Empreendimentos e Participações (holding da família Dellape Baptista), que desde 2010 atua com um braço de centros comerciais - Partage Shopping Center-, inaugurou no município de São Gonçalo (RJ), o Boulevard Shopping São Gonçalo. Segundo Ricardo Baptista, diretor da incorporadora, a empresa tem como foco principal abrir malls em locais onde não existem concorrentes, com isso já conquistou ativos de R$ 1 bilhão.

"Tudo é uma questão de oportunidade, procuramos sempre os locais em que não teremos concorrentes", explicou. Além do pioneirismo, esses empreendimentos conseguem atender a todas as classes sociais.

Adriana Colloca, superintendente da Associação Brasileira de Shopping Center (Abrasce) explicou que o mix de lojas em regiões que recebem o primeiro shopping tem que ser eclético. Quando a região está mais desenvolvida, o mix passa a ser mais segmentado. "No primeiro shopping você tem que agradar todos os públicos. Quando esse número aumenta, as empresas passam a diversificar o portfólio de acordo com o público que mora e transita na região", explicou.

Ainda segundo o executivo da Partage, Ricardo Baptista, além de retorno garantido do investimento - a empresa tem sete shopping, sendo que cinco deles já estão em operação - e os que estão abertos ao público têm obtido crescimento de vendas na ordem de 35% ao ano. "Os nossos shopping têm tido bom desempenho de vendas de 2010 para cá". Em Minas Gerais, a Partage escolheu a região de Betim para receber seus empreendimentos. Baptista explicou que, além do potencial de consumo, os terrenos em regiões menos exploradas pelo comércio são mais baratos. "Como a metragem do terreno é maior conseguimos construir um espaço horizontal, o que reduz os gastos com escadas rolantes e elevadores". Com essa redução, a Partage cobra cerca de R$ 150 o metro quadrado para locação, valor bem inferior aos grandes centros, onde custa o dobro.

Quem também apostou em Minas Gerais foi a Sonae Sierra Brasil. Em março do ano passado inaugurou o Uberlândia Shopping, empreendimento de 45,8 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) e investimento de R$ 201 milhões. Waldir Chao, diretor de operações da Sonae, explicou ao DCI que antes de lançar qualquer empreendimento, pesquisas de mercado são realizadas. "O levantamento da época apontou que Uberlândia como a principal cidade no desenvolvimento da região do Triângulo Mineiro e em franca expansão, com uma economia forte e diversificada, existindo assim um mercado muito propício para um novo shopping center", disse.

O potencial da região é confirmado pelos índices de vendas. O Uberlândia Shopping, por exemplo, teve aumento de 24,5% nas vendas no segundo trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2012.

Chao, quando questionado se existe a possibilidade de um novo mall em Minas, afirmou que não há nada fechado, mas que a Sonae Sierra Brasil não deixa de estudar novas possibilidades até em outras cidades com o Rio de Janeiro. "Não descartamos nenhuma cidade ou Estado desde que correspondam às nossas estratégias", argumentou.

E não são só as administradoras de shoppings que perceberam o potencial desses dois estados. A Ecia, escolheu o Rio de Janeiro, como local para a construção de malls. Hoje, todos os shoppings construídos pela empresa ficam no Rio de Janeiro: Américas Shopping, em construção no Recreio, West Shopping, em Campo Grande, Center Shopping, em Jacarepaguá, e Shopping Via Brasil, no bairro carioca do Irajá.

Fernando Araújo, diretor da Ecia explicou que, o setor de shoppings e o Rio ainda precisam de amadurecimento, por isso está sendo registrado um número crescente de investimentos.

"O mercado brasileiro de shopping centers - e o Rio de Janeiro é um espelho do Brasil - ainda está muito longe da maturidade", diz o diretor.

Segundo ele, o Brasil, segundo a Abrasce, tem em torno de 450 shoppings. Como comparação, os Estados Unidos têm 45 mil shoppings. "Não necessariamente nós vamos buscar alcançar o tamanho do mercado americano, mas esses dados mostram que ainda temos um potencial de crescimento muito grande em todas as regiões", disse o executivo.

O mais recente projeto da Ecia é o Américas Shopping. Com inauguração prevista para abril do ano que vem, tem investimento de R$ 220 milhões.



Veículo: DCI


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